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ANÁLISE
Elenco não é representativo
IVAN MIZIARA
especial para Folha
Se depender do elenco escolhido para o Philips Monsters
of Rock 98, o público que for à
pista de atletismo do Ibirapuera acabará acreditando na história, repetida por vários críticos, de que o heavy metal está
morto e enterrado.
À exceção de Slayer e Megadeth, ainda duas grandes atrações do thrash (mas atolados
em um beco criativo sem saída), todos os outros grupos são
de terceiro e quarto escalão.
Não representam o que de melhor existe no heavy metal
mundial atualmente.
Mesmo se considerarmos as
dificuldades que cercam uma
produção deste tipo, nada justifica a vinda de bandas que
pouco acrescentam ao gênero,
como Saxon ou Manowar.
Está certo: um festival como
este precisa de atrações conhecidas para levar um grande público ao estádio. Mas, já que
não conseguiram trazer o Van
Halen, por que não Metallica,
Aerosmith, Kiss ou AC/DC para comandar a festa?
Alegar que esses grupos já
passaram pelo Brasil não serve
como justificativa. Da escalação deste ano, não há uma única banda que não tenha pisado
em solo brazuca.
Outra desculpa seria a de que
o Monsters 98 tenta contentar
as várias tribos do metal. Mas,
se é para alegrar os fãs do heavy
melódico e/ou progressivo,
quer melhor pedida que contratar os veteranos do Rush?
Perto do trio canadense, o
Dream Theater não passa de
um bando de aprendizes.
Conclusão: aqueles que quiserem saber o que anda acontecendo de novo no metal terão
de esperar. Bandas como Korn
e Coal Chamber, que trafegam
entre o thrash e o metal, utilizando artifícios do tecno em letras ultra-elaboradas, não têm
previsão de vir por aqui.
Representantes do metal industrial, como Fear Factory ou
Nine Inch Nails, nem pensar.
Grupos mais tradicionais e pesadíssimos, como o Tool, ou
simplesmente divertidos, como o Insane Clown Posse e o
Cradle of Filth, continuarão
sendo privilégio daqueles que
podem viajar para o exterior.
Os produtores deveriam tomar como exemplo o Ozzfest,
turnê organizada pelo veterano
Ozzy Osbourne, que carrega a
tiracolo, além do próprio "comedor de morcegos" e o Black
Sabbath, bandas novas de qualidade como o Soulfly, de Max
Cavalera, o citado Coal Chamber, Deftones e outras. Não à
toa, seus shows sempre lotam.
Quanto aos brasileiros Korzus e Dorsal Atlântica, nada
contra. Depois de anos de batalha, eles merecem recompensa.
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