São Paulo, sexta, 25 de setembro de 1998

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ANÁLISE
Elenco não é representativo


IVAN MIZIARA
especial para Folha

Se depender do elenco escolhido para o Philips Monsters of Rock 98, o público que for à pista de atletismo do Ibirapuera acabará acreditando na história, repetida por vários críticos, de que o heavy metal está morto e enterrado.
À exceção de Slayer e Megadeth, ainda duas grandes atrações do thrash (mas atolados em um beco criativo sem saída), todos os outros grupos são de terceiro e quarto escalão. Não representam o que de melhor existe no heavy metal mundial atualmente.
Mesmo se considerarmos as dificuldades que cercam uma produção deste tipo, nada justifica a vinda de bandas que pouco acrescentam ao gênero, como Saxon ou Manowar.
Está certo: um festival como este precisa de atrações conhecidas para levar um grande público ao estádio. Mas, já que não conseguiram trazer o Van Halen, por que não Metallica, Aerosmith, Kiss ou AC/DC para comandar a festa?
Alegar que esses grupos já passaram pelo Brasil não serve como justificativa. Da escalação deste ano, não há uma única banda que não tenha pisado em solo brazuca.
Outra desculpa seria a de que o Monsters 98 tenta contentar as várias tribos do metal. Mas, se é para alegrar os fãs do heavy melódico e/ou progressivo, quer melhor pedida que contratar os veteranos do Rush? Perto do trio canadense, o Dream Theater não passa de um bando de aprendizes.
Conclusão: aqueles que quiserem saber o que anda acontecendo de novo no metal terão de esperar. Bandas como Korn e Coal Chamber, que trafegam entre o thrash e o metal, utilizando artifícios do tecno em letras ultra-elaboradas, não têm previsão de vir por aqui.
Representantes do metal industrial, como Fear Factory ou Nine Inch Nails, nem pensar. Grupos mais tradicionais e pesadíssimos, como o Tool, ou simplesmente divertidos, como o Insane Clown Posse e o Cradle of Filth, continuarão sendo privilégio daqueles que podem viajar para o exterior.
Os produtores deveriam tomar como exemplo o Ozzfest, turnê organizada pelo veterano Ozzy Osbourne, que carrega a tiracolo, além do próprio "comedor de morcegos" e o Black Sabbath, bandas novas de qualidade como o Soulfly, de Max Cavalera, o citado Coal Chamber, Deftones e outras. Não à toa, seus shows sempre lotam.
Quanto aos brasileiros Korzus e Dorsal Atlântica, nada contra. Depois de anos de batalha, eles merecem recompensa.



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