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RELÂMPAGOS
Dark room
JOÃO GILBERTO NOLL
A pessoa entra para ver as
obras de Rafael França, esse
cara que ela conheceu há
mais de 20 anos em Copacabana, em pleno Carnaval. A
pessoa senta-se diante dos vídeos deixados por Rafael e sabe da trajetória dele: o artista
vive anos em Chicago, morre
em 91. A pessoa está sozinha
na sala, diante do amigo que
não pode mais tocar, é tela.
Até o fim da Bienal do Mercosul a pessoa diariamente faz
suas últimas visitas a Rafael,
em pequenas porções matutinas. Depois ela já não saberá
mais de Rafael nem de si própria, depois vem o verão e tudo o mais... Na sua última visita essa pessoa entra onde
havia um vídeo com o artista
testemunhando em inglês,
mas não há mais o vídeo, só o
escuro, e essa pessoa tateia,
tateia, tateia até encostar num
lábio que ela beija, em paz...
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