São Paulo, quinta-feira, 25 de outubro de 2001

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RELÂMPAGOS

Dark room

JOÃO GILBERTO NOLL

A pessoa entra para ver as obras de Rafael França, esse cara que ela conheceu há mais de 20 anos em Copacabana, em pleno Carnaval. A pessoa senta-se diante dos vídeos deixados por Rafael e sabe da trajetória dele: o artista vive anos em Chicago, morre em 91. A pessoa está sozinha na sala, diante do amigo que não pode mais tocar, é tela. Até o fim da Bienal do Mercosul a pessoa diariamente faz suas últimas visitas a Rafael, em pequenas porções matutinas. Depois ela já não saberá mais de Rafael nem de si própria, depois vem o verão e tudo o mais... Na sua última visita essa pessoa entra onde havia um vídeo com o artista testemunhando em inglês, mas não há mais o vídeo, só o escuro, e essa pessoa tateia, tateia, tateia até encostar num lábio que ela beija, em paz...


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