DO ENVIADO A PORTO ALEGRE

Siza, apesar das dores na coluna que o fazem declinar alguns convites ao redor do mundo, parecia satisfeito ao visitar recentemente, no último dia 11, o grande volume que elaborou para abrigar a Fundação Iberê Camargo.
O edifício, que deve ser finalizado em meados do ano que vem, impressiona. Construído com concreto branco, é uma raridade no país, segundo o coordenador da obra em Porto Alegre, o engenheiro José Luiz Canal. "Ele [o concreto branco] não tolera desaforos", brincou, resumindo que há mais dificuldade técnica em levantar uma construção com tal material.
Orçada em R$ 30 milhões, a nova sede tem quatro andares mais um subterrâneo, que incluem nove salas de exposições, cafeteria, loja, auditório e um átrio central. Tem uma bela vista do rio Guaíba. O prédio também utiliza o relevo da encosta aos fundos para dialogar com a área exterior. "O terreno era desafiador. Tive dificuldades, mas fui recompensado", avaliou Siza.

Perfil internacional
O diretor-executivo da fundação, Fernando Schüler, disse que a instituição pretende ter um perfil internacional. "Queremos firmar parcerias com entidades e museus importantes de fora do Brasil e criar um intercâmbio."
Parte do acervo de Iberê Camargo (1914-1994) -ao todo, são 4.177 obras- será foco de uma exposição permanente, mas haverá espaço para mostras temporárias. Gravuras de 35 artistas brasileiros e estrangeiros convidados pela fundação em regime de intercâmbio também serão exibidas. A Cosacnaify e a fundação devem colocar nas lojas em 2006 um catálogo da produção em gravura do artista.
Considerado um dos grandes pintores nacionais, figura de destaque da vertente expressionista, Iberê Camargo sempre foi muito fiel às suas temáticas, dotadas de certo amargor.
Ex-estudante de belas-artes no Rio, optou por um viés menos acadêmico e teve aulas com Guignard (1896-1962), no Rio, e com André Lhote (1885-1962), em Paris, entre outros.