Série "Cinema no Mundo - Indústria, Política e Mercado" será lançada hoje

SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

Na pauta de conversas que fazem o tempo passar nas filas da Mostra, os longos planos-seqüência de um filme húngaro ou a aparição de um feto em uma produção romena podem agora ser mesclados a tópicos mercadológicos como a videoeconomia nigeriana, as iniciativas sinérgicas de co-produção na América Latina e a pirataria audiovisual em Hong Kong.
Matéria-prima para o debate não vai faltar, graças à coleção "Cinema no Mundo - Indústria, Política e Mercado", que será lançada hoje, a partir de 18h30, no Clube da Mostra (shopping Frei Caneca). Seus cinco volumes -dedicados, pela ordem, a África, América Latina, Ásia, Estados Unidos e Europa- trazem 33 artigos, fora introduções e prefácios, e totalizam cerca de 1.200 páginas.
"O projeto começou a ser articulado em 2005, quando iniciei um pós-doutorado com financiamento da Fapesp para pesquisar a dinâmica e estrutura da circulação internacional de filmes", explica a organizadora da coleção, a pesquisadora Alessandra Meleiro, 35, autora de "O Novo Cinema Iraniano".
"Em 2006, fiz parte do pós-doutorado na Universidade de Londres, onde tive contato com especialistas da indústria cinematográfica de várias partes do mundo, o que viabilizou o acesso a estudos sobre os mercados dos diferentes continentes", lembra Alessandra, que reuniu textos de 34 colaboradores (o maior contigente, 11, no volume sobre a Europa).

Patrocínio
Ao final de 2006, ela recebeu um prêmio do PAC (Programa de Ação Cultural) da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo para a publicação dos livros. "Contei também com o patrocínio da Sony, através da Lei Rouanet. Como a intenção era diagnosticar o mercado cinematográfico mundial, somei esforços junto ao próprio mercado para viabilizar a coleção."
Os cinco volumes equivalem, no conjunto, a uma vitaminada bibliografia inicial para um hipotético MBA em políticas de produção, distribuição e exibição do audiovisual, com informações até então inéditas no mercado editorial brasileiro e, assim organizadas, talvez em outros quadrantes também.
A floresta de dados e análises corresponde a material de leitura compulsória para profissionais, mas são valiosas também para o espectador meramente interessado em contextualizar, no cenário da produção mundial, o filme húngaro dos planos-seqüência ("O Homem de Londres") e a produção romena sobre aborto ("4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias"), por exemplo.
Interessado, portanto, em compreender melhor como arte e negócio caminham juntos desde que a indústria do cinema começou a se estruturar, há um século.

NA INTERNET - Leia a íntegra da entrevista com Alessandra Meleiro no blog Ilustrada no Cinema folha.com.br/ilustradanocinema


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