São Paulo, sábado, 25 de outubro de 2008

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síndrome de ESTOCOLMO

Febre na Suécia e França, a trilogia "Millennium chega ao Brasil; morte súbita do autor ajuda marketing, que o compara a Agatha Christie

Divulgação
Os atores Michael Nyqvist e Peter Haber, como Mikael Blomkvist e Vanger, personagens centrais de "Millennium", na adaptação para o cinema

EDUARDO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL

A literatura policial sueca tem ao menos dois nomes contemporâneos bem-sucedidos de crítica e público, editados também no Brasil: Hakan Nesser e Henning Mankell. Mas nada se equipara ao sucesso de Stieg Larsson, cuja trilogia "Millennium" vendeu, desde o lançamento em 2005, quase três milhões de cópias somente na Suécia. A obra, editada em 35 países, acaba de chegar ao Brasil com seu primeiro volume, "Os Homens que Não Amavam as Mulheres", que já está na lista de mais vendidos da Folha.
Na trilogia, Larsson espelhou boa parte de sua própria vida: seu protagonista, Mikael Blomkvist, jornalista como ele, é contratado por um milionário para escrever sua biografia e investigar o sumiço de uma sobrinha. Em contrapartida, o milionário salvaria a sua revista, "Millennium", da falência.
O que Larsson não poderia imaginar é que na vida real sua morte fosse contribuir com a aura de mistério -e o marketing- em torno do livro. O autor morreu repentinamente, aos 50, meses após entregar os originais à editora Norstedts. Nem viu a obra ser publicada.
Não demorou até que surgissem rumores de que Larsson havia sido morto por extremistas de direita, de quem sofreu ameaças enquanto foi editor da "Expo", revista que investigava movimentos nacionalistas, racistas etc. Logo se concluiu, no entanto, que Larsson havia sofrido um infarto.
"Ele morreu pouco antes de um jantar que planejávamos fazer para comemorar seus livros. Tínhamos acabado de voltar da Feira de Frankfurt, onde tínhamos feito as primeiras vendas internacionais de direitos", conta Eva Gedin, editora de Larsson na Suécia, que na última feira alemã iniciou negociações para publicar a trilogia na Turquia, Indonésia, Tailândia e Índia, entre outros países.
"Millennium" tem sido divulgada como leitura tão fácil quanto Agatha Christie. Um fenômeno como "Harry Potter", como diz Ana Paula Hisayama, da Companhia das Letras, sua editora no Brasil. Ela esteve em Estocolmo no início do mês para um encontro de editores de Larsson. Lá, foram exibidas as primeiras imagens da adaptação para o cinema, que estréia em fevereiro na Suécia.


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