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34ª MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA DE SÃO PAULO
Sessão reúne pais e bebês para ver filme "cabeça"
Adultos não entendem direito trama de longa francês, e filhos dormem
Criada há três anos, ONG Cinematerna busca reaproximar pais de convívio social após nascimento de bebê
MORRIS KACHANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Stella, seis meses. Cora,
um ano e três meses. Teo e
Ligia, gêmeos de dois meses
e meio. Eles também são cinéfilos e têm direito a assistir
aos filmes cabeçudos da
Mostra de Cinema.
Uns choram, outros mamam, alguns ainda engatinham. E da metade do filme
em diante, a maioria dorme.
Assim se desenrolou a sessão Cinematerna do último
sábado, no Unibanco Arteplex do shopping Frei Caneca, reunindo adultos e seus
bebês. Na tela, o francês "Lily
Sometimes" (de Fabienne
Berthaud), em que a relação
de duas irmãs se reinventa a
partir da morte da mãe.
Nem os adultos conseguiram entender direito o mundo próprio e desinibido de
uma delas, personagem que
dá título ao drama. Mas a performance de Ludivine Sagnier e de Diane Kruger, que
faz a outra irmã, vale o filme.
Cinematerna é uma ONG
criada há três anos. A ideia é
proporcionar experiência de
convívio em ambiente onde
todos falam a mesma língua.
"Quando nasce um filho,
muitas mães se isolam. O círculo de amizades até pode
mudar, mas é preciso retomar a vida social. Nada melhor do que a magia do cinema para nos aproximar",
afirma Alexandra Swerts,
uma das fundadoras e mãe
de Jonas, de nove meses.
Já à entrada da sala, estão
estacionados os carrinhos de
bebê. Do outro lado, dois trocadores. No chão, um grande
tapete de atividades, campeão de preferências. As luzes ficam ligeiramente acesas. A temperatura do ar-condicionado, mais amena. O
volume é reduzido, pois o
som gera mais impacto nos
bebês do que as imagens.
As sessões são recomendadas para menores de 18
meses, quando ainda não fazem a menor ideia do que se
passa na tela. A "stylist"
Chialin Chiang, por exemplo,
levou seu pequeno Zack na
semana passada para "Tropa
de Elite 2". "Com todas aquelas imagens chocantes, ele
não estava nem aí", conta.
Hoje, a ONG já conta com
15 mil mães cadastradas e
sessões em cartaz em 14 cidades do país. Os filmes são escolhidos por enquetes na internet -o gênero preferido é
a comédia romântica.
Este é o terceiro ano da
parceria de Cinematerna
com a Mostra. Hoje haverá
mais uma exibição, do norueguês "Norte" (Rune Denstad Langlo).
Difícil será bater o recorde
de Irene Nagashima, outra
fundadora da ONG, que, na
sessão de sábado, compareceu com seu bebê de dois
dias, ainda sem nome.
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