São Paulo, segunda-feira, 25 de outubro de 2010

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34ª MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA DE SÃO PAULO

Sessão reúne pais e bebês para ver filme "cabeça"

Adultos não entendem direito trama de longa francês, e filhos dormem

Criada há três anos, ONG Cinematerna busca reaproximar pais de convívio social após nascimento de bebê

MORRIS KACHANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Stella, seis meses. Cora, um ano e três meses. Teo e Ligia, gêmeos de dois meses e meio. Eles também são cinéfilos e têm direito a assistir aos filmes cabeçudos da Mostra de Cinema.
Uns choram, outros mamam, alguns ainda engatinham. E da metade do filme em diante, a maioria dorme.
Assim se desenrolou a sessão Cinematerna do último sábado, no Unibanco Arteplex do shopping Frei Caneca, reunindo adultos e seus bebês. Na tela, o francês "Lily Sometimes" (de Fabienne Berthaud), em que a relação de duas irmãs se reinventa a partir da morte da mãe.
Nem os adultos conseguiram entender direito o mundo próprio e desinibido de uma delas, personagem que dá título ao drama. Mas a performance de Ludivine Sagnier e de Diane Kruger, que faz a outra irmã, vale o filme.
Cinematerna é uma ONG criada há três anos. A ideia é proporcionar experiência de convívio em ambiente onde todos falam a mesma língua.
"Quando nasce um filho, muitas mães se isolam. O círculo de amizades até pode mudar, mas é preciso retomar a vida social. Nada melhor do que a magia do cinema para nos aproximar", afirma Alexandra Swerts, uma das fundadoras e mãe de Jonas, de nove meses.
Já à entrada da sala, estão estacionados os carrinhos de bebê. Do outro lado, dois trocadores. No chão, um grande tapete de atividades, campeão de preferências. As luzes ficam ligeiramente acesas. A temperatura do ar-condicionado, mais amena. O volume é reduzido, pois o som gera mais impacto nos bebês do que as imagens.
As sessões são recomendadas para menores de 18 meses, quando ainda não fazem a menor ideia do que se passa na tela. A "stylist" Chialin Chiang, por exemplo, levou seu pequeno Zack na semana passada para "Tropa de Elite 2". "Com todas aquelas imagens chocantes, ele não estava nem aí", conta.
Hoje, a ONG já conta com 15 mil mães cadastradas e sessões em cartaz em 14 cidades do país. Os filmes são escolhidos por enquetes na internet -o gênero preferido é a comédia romântica.
Este é o terceiro ano da parceria de Cinematerna com a Mostra. Hoje haverá mais uma exibição, do norueguês "Norte" (Rune Denstad Langlo).
Difícil será bater o recorde de Irene Nagashima, outra fundadora da ONG, que, na sessão de sábado, compareceu com seu bebê de dois dias, ainda sem nome.


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