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EVENTO
Debate mensal ocorreu no Tuca
"Diálogos Impertinentes" vê a angústia do homem
DA REPORTAGEM LOCAL
Estreiteza de tempo e espaço,
aflição intensa ou condição espiritual do ser humano que pode
despertá-lo para a liberdade. São
definições possíveis para o tema
do mais recente encontro da série
"Diálogos Impertinentes", que
analisou a angústia.
Realizado no final de outubro,
no Teatro de Arena do Tuca, o debate foi protagonizado pelo psiquiatra e psicanalista Leopold
Nosek, curador da mostra
"Freud: Conflito & Cultura" em
SP, e pela cineasta Tata Amaral
("Um Céu de Estrelas", 96), professora convidada de direção cinematográfica da ECA-USP.
Para Nosek, a angústia contemporânea implica soluções e problemas na vida de qualquer cidadão. "Não se pode imaginar a vida
humana sem angústia. Não houvesse a angústia, não teríamos o
motor para buscar o outro, a civilização, a cultura", afirma.
Seu contraponto, diz Nosek, é
"o medo de alguma coisa de que
não se sabe, mas está lá construída". Para Tata Amaral, a angústia
resulta em matéria-prima dramática, "um sujeito oculto que vai
determinando a história".
Em "Um Céu de Estrelas", por
exemplo, ela "quis filmar o desespero", por meio do conflito entre
uma cabeleireira e um mecânico.
"O que ela chama de desespero
eu definiria como uma teoria
mais atualizada da angústia, que
são as doenças modernas, como a
anorexia, a obesidade e a síndrome de pânico", diz Nosek.
Discutiu-se também a angústia
que libera a criação artística por
meio do contato humano e "requer tempo, amor, paixão" nas
palavras de Nosek. Já o seu lado
sombrio corrobora a "miséria humana e psíquica que perpassa todas as classes".
Foi abordada ainda a "angústia
do consumo", empurrada pela
propaganda que promete "mudar
sua vida", como afirma Tata.
O encontro foi mediado pelo
professor da PUC-SP Mario Sergio Cortella e pelo jornalista Mario Cesar Carvalho, repórter especial da Folha. A série "Diálogos
Impertinentes" é promovida pela
Folha, pela PUC-SP e pelo Sesc.
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