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Bandas celebram o rock oitentista
Hot Hot Heat e Bravery são duas das atrações roqueiras do Nokia Trends
Festival acontece hoje no Anhembi, em São Paulo, e espera atrair cerca de 10 mil
pessoas; palco eletrônico terá os belgas 2ManyDJs
LÚCIO RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
"Não acho que usamos muitas influências dos 80, como alguns insistem em dizer. Vejo
coisas dos anos 60 e dos 70 em
nossas músicas. E, até, dos anos
90, mas sei que falar isso não é
cool." Quem diz isso é Steve
Bays, vocalista do Hot Hot
Heat, banda que é uma das
atrações do festival Nokia
Trends, que acontece hoje, a
partir das 22h, no complexo do
Anhembi, em São Paulo.
O evento terá dois palcos: um
voltado mais para o rock, outro
mais para a eletrônica. O Hot
Hot Heat está no primeiro.
O grupo tornou-se vítima da
cena que ajudou a criar: aquela
das bandas novas que utilizam
a estética dos anos 80 como
fonte primária de sua música.
Preso ao estereótipo, segundo Bays, fica difícil encontrar as
outras referências na energética música da banda.
Ao lado deles nesse nicho do
novo rock estão Bravery -que
também se apresenta no evento-, The Killers, Rapture etc.
Soa preguiçoso classificar o
Hot Hot Heat apenas como
banda que revive os anos 80. A
voz de Bays, que lembra a de
Robert Smith, do Cure, ajuda a
colocar a banda naquela década, mas suas músicas vão além,
como os hits "Bandages" e "You
Owe me and IOU".
Pesado e sujo
Banda da segunda onda do
novo rock nova-iorquino, o
Bravery fará companhia ao Hot
Hot Heat no festival.
O quinteto pulou a etapa
"Velvet Underground-anos 70"
(freqüentada inicialmente pelos Strokes) e foi buscar inspirações sonoras e visuais no estilo new romantic inglês dos
anos 80. Então, excursionar
por três meses como atração de
abertura da turnê do Depeche
Mode, com menos de dois anos
de carreira, já fez valer a pena a
existência da banda?
"Que nada! Queremos mais",
disse à Folha o vocalista Sam
Endicott, apontando para o futuro lançamento do segundo
álbum do Bravery, "The Sun
and the Moon", previsto para
sair no começo de 2007.
O álbum, segundo adianta
Endicott, vai promover mudanças no som do grupo. Em
vez da mistura rock e dance
eletrônico que pontuou a estréia do Bravery em CD e botou
a banda no top 20 das paradas
britânica e americana em
2005, a orientação agora vai ser
mais punk, pesada, suja.
"Queríamos parecer mais
uma banda ao vivo em disco,
portanto sujamos mais o som e
economizamos na eletrônica."
Mudanças não são novidade no
Bravery. O próprio Sam Endicott, imediatamente antes de
montar a banda indie dance,
passou por grupos de ska e pop,
o que lhe rendeu gozações públicas por parte de Brandon
Flowers, vocalista do Killers,
intriga indie que percorreu
com destaque os noticiários roqueiros no ano passado.
"Já foi tudo resolvido. Ele me
pediu desculpas", afirmou Endicott, que diz irônico não saber da "lei" que obriga um músico a só se interessar por um
determinado tipo de som. Endicott promete duas coisas para o show de hoje no Nokia
Trends: 1) músicas novas misturadas aos hits "An Honest
Mistake" e "Unconditional" e
2) que ninguém da banda vai
fazer striptease no palco, co-
mo aconteceu no ano passado,
no festival de Glastonbury, na
Inglaterra.
"Mike [Hindbert, o baixista]
não estava aguentando o calor
e fez isso, mas depois se arrependeu. Já no dia seguinte o
traseiro dele estava por toda a
internet", divertiu-se o cantor
do Bravery.
"Está muito calor no Brasil?"
Passo além do rock
A primeira atração internacional a se apresentar no festival (às 23h20) é o combo belga
Soulwax. Eles já tocaram no
Brasil, mas esta é a primeira vez
que mostram o grupo na versão
"Nite Versions".
Agora, os shows do Soulwax
duram uma hora, sem interrupção entre uma música e outra, como se fosse um DJ set. As
canções são mixadas umas nas
outras com a ajuda de um laptop. "São quatro pessoas no palco", disse Stephen Dewaele à
Folha. "Temos um baterista,
um baixista, meu irmão em
dois sintetizadores e eu com o
laptop. Queremos que as pessoas dancem e que pensem:
"Espere um pouco, eles estão
tocando ao vivo?"."
O laptop de Dewaele é equipado com o software Ableton
Live, que sincroniza com perfeição as batidas de duas músicas distintas.
Após tocar no "palco rock",
Stephen e seu irmão David vão
ao "palco eletrônico". Ali, às
3h30, os dois se vestem de
2ManyDJs, um dos mais festejados projetos da dance music
nos últimos anos. Em seu set,
reúnem pop, rock, electro etc.
Os outros nomes internacionais do evento são o trio americano de punk pop We Are
Scientists e o quarteto inglês de
electro Ladytron, além dos DJs
Dominik Eulberg e James Holden.
O festival terá ainda o espaço
Connecting Street, com trabalhos de arte digital e exibição de
filmes para celulares e clipes.
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