São Paulo, sábado, 25 de novembro de 2006

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Bandas celebram o rock oitentista

Hot Hot Heat e Bravery são duas das atrações roqueiras do Nokia Trends

Festival acontece hoje no Anhembi, em São Paulo, e espera atrair cerca de 10 mil pessoas; palco eletrônico terá os belgas 2ManyDJs


LÚCIO RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

"Não acho que usamos muitas influências dos 80, como alguns insistem em dizer. Vejo coisas dos anos 60 e dos 70 em nossas músicas. E, até, dos anos 90, mas sei que falar isso não é cool." Quem diz isso é Steve Bays, vocalista do Hot Hot Heat, banda que é uma das atrações do festival Nokia Trends, que acontece hoje, a partir das 22h, no complexo do Anhembi, em São Paulo.
O evento terá dois palcos: um voltado mais para o rock, outro mais para a eletrônica. O Hot Hot Heat está no primeiro.
O grupo tornou-se vítima da cena que ajudou a criar: aquela das bandas novas que utilizam a estética dos anos 80 como fonte primária de sua música.
Preso ao estereótipo, segundo Bays, fica difícil encontrar as outras referências na energética música da banda.
Ao lado deles nesse nicho do novo rock estão Bravery -que também se apresenta no evento-, The Killers, Rapture etc.
Soa preguiçoso classificar o Hot Hot Heat apenas como banda que revive os anos 80. A voz de Bays, que lembra a de Robert Smith, do Cure, ajuda a colocar a banda naquela década, mas suas músicas vão além, como os hits "Bandages" e "You Owe me and IOU".

Pesado e sujo
Banda da segunda onda do novo rock nova-iorquino, o Bravery fará companhia ao Hot Hot Heat no festival.
O quinteto pulou a etapa "Velvet Underground-anos 70" (freqüentada inicialmente pelos Strokes) e foi buscar inspirações sonoras e visuais no estilo new romantic inglês dos anos 80. Então, excursionar por três meses como atração de abertura da turnê do Depeche Mode, com menos de dois anos de carreira, já fez valer a pena a existência da banda?
"Que nada! Queremos mais", disse à Folha o vocalista Sam Endicott, apontando para o futuro lançamento do segundo álbum do Bravery, "The Sun and the Moon", previsto para sair no começo de 2007.
O álbum, segundo adianta Endicott, vai promover mudanças no som do grupo. Em vez da mistura rock e dance eletrônico que pontuou a estréia do Bravery em CD e botou a banda no top 20 das paradas britânica e americana em 2005, a orientação agora vai ser mais punk, pesada, suja.
"Queríamos parecer mais uma banda ao vivo em disco, portanto sujamos mais o som e economizamos na eletrônica." Mudanças não são novidade no Bravery. O próprio Sam Endicott, imediatamente antes de montar a banda indie dance, passou por grupos de ska e pop, o que lhe rendeu gozações públicas por parte de Brandon Flowers, vocalista do Killers, intriga indie que percorreu com destaque os noticiários roqueiros no ano passado.
"Já foi tudo resolvido. Ele me pediu desculpas", afirmou Endicott, que diz irônico não saber da "lei" que obriga um músico a só se interessar por um determinado tipo de som. Endicott promete duas coisas para o show de hoje no Nokia Trends: 1) músicas novas misturadas aos hits "An Honest Mistake" e "Unconditional" e 2) que ninguém da banda vai fazer striptease no palco, co- mo aconteceu no ano passado, no festival de Glastonbury, na Inglaterra.
"Mike [Hindbert, o baixista] não estava aguentando o calor e fez isso, mas depois se arrependeu. Já no dia seguinte o traseiro dele estava por toda a internet", divertiu-se o cantor do Bravery.
"Está muito calor no Brasil?"

Passo além do rock
A primeira atração internacional a se apresentar no festival (às 23h20) é o combo belga Soulwax. Eles já tocaram no Brasil, mas esta é a primeira vez que mostram o grupo na versão "Nite Versions".
Agora, os shows do Soulwax duram uma hora, sem interrupção entre uma música e outra, como se fosse um DJ set. As canções são mixadas umas nas outras com a ajuda de um laptop. "São quatro pessoas no palco", disse Stephen Dewaele à Folha. "Temos um baterista, um baixista, meu irmão em dois sintetizadores e eu com o laptop. Queremos que as pessoas dancem e que pensem: "Espere um pouco, eles estão tocando ao vivo?"."
O laptop de Dewaele é equipado com o software Ableton Live, que sincroniza com perfeição as batidas de duas músicas distintas.
Após tocar no "palco rock", Stephen e seu irmão David vão ao "palco eletrônico". Ali, às 3h30, os dois se vestem de 2ManyDJs, um dos mais festejados projetos da dance music nos últimos anos. Em seu set, reúnem pop, rock, electro etc.
Os outros nomes internacionais do evento são o trio americano de punk pop We Are Scientists e o quarteto inglês de electro Ladytron, além dos DJs Dominik Eulberg e James Holden.
O festival terá ainda o espaço Connecting Street, com trabalhos de arte digital e exibição de filmes para celulares e clipes.


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