São Paulo, terça-feira, 25 de novembro de 2008

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Mostra aborda dimensões do silêncio

Coletiva com obras de nove artistas na galeria Vermelho tenta ilustrar a experiência corporal do grito

DA REPORTAGEM LOCAL

Caetano Veloso grita a palavra "silêncio" na música que dedicou ao poeta Augusto de Campos. "De Palavra em Palavra" é o ponto de partida para as obras da coletiva que a galeria Vermelho abre hoje -são trabalhos de nove artistas, juntos numa espécie de reflexão sobre a dimensão física do ruído e da ausência dele. Mas também não passa batido o contexto do grito de Caetano. Escrito na volta do exílio, este é um canto de desespero, desabafo, talvez resistência.
Conflito este que ganha ilustração corpórea no vídeo da francesa Anne Durez, em que um homem tenta ler um jornal num vasto descampado, mas é golpeado pelo vento forte, que embaralha o texto e as folhas.
"Existe um ponto de junção física entre grito e silêncio", descreve a curadora Audrey Illouz. Subir a escada para o segundo andar dá uma idéia disso.
Foi ali que o artista Maurício Ianês instalou caixas de som que tocam um poema: o volume aumenta a cada degrau.
Mas é com força calada que foram bordados em retângulos de feltro frases com a palavra "silêncio", juntadas pela artista Marilá Dardot. No mesmo cinza do fundo, as letras somem na margem inferior dos quadros.
Também arriscam se perder no fundo vermelho as inscrições urbanas pesquisadas pela dupla francesa Hughes Rochette e Nathalie Brevet. Grafitadas em sinais de "proibido estacionar" e outras restrições, as expressões "love" e "fuck" são impressas sobre vidro, mas precisam do fundo branco da parede da galeria para serem vistas.
É o mesmo retorno à cor que faz a dupla de brasileiros Ângela Detanico e Rafael Lain. Em "White Noise", os pixels brancos das imagens estouram na tela com o aumento das freqüências agudas da trilha sonora. "É como uma cirurgia visual, que precisa voltar à cor para descrever um som", diz Illouz.
Se não basta a cor pura, o franco-israelense Joseph Dadoune dá um quadro completo. Junto do vídeo de uma vitrola que toca um disco no deserto, compôs gritos sobrepostos a uma sinfonia de Bach. (SM)


SILÊNCIO
Quando: abertura hoje, às 20h; de ter. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 11h às 17h; até 20/12
Onde: Vermelho (r. Minas Gerais, 350, tel.: 0/xx/11/3138-1520)
Quanto: entrada franca


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