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Cópia restaurada de "Lílian M" abre festival
Versão sem cortes do filme de Carlos Reichenbach foi destaque do evento em Brasília
ANA PAULA SOUSA
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
Um ano após "Lula, o Filho do Brasil", quando políticos, jornalistas e convidados
quase se estapearam por um
lugar no teatro Claudio Santoro, o Festival de Brasília
voltou a ser, puramente, cinematográfico.
A abertura, anteontem,
passou longe do frisson de
2009. Desta vez, apenas o ministro da Cultura, Juca Ferreira, e gente ligada ao cinema
compareceu à cerimônia.
A estrela da noite foi o cineasta Carlos Reichenbach,
homenageado nesta 43ª edição com a exibição, em cópia
restaurada, de "Lílian M: Relatório Confidencial".
O filme, lançado em 1975
com 25 minutos cortados por
exigência dos censores, que
se incomodaram, sobretudo,
com os ataques à moral familiar, voltou à tela com os seus
120 minutos originais.
Ao subir ao palco para receber o troféu, Reichenbach
estava emocionado. Com a
visão comprometida pela catarata, brincou: "Não estou
enxergando bem, mas estou
pensando bem". Em seguida, relembrou que o intelectual e teórico de cinema Paulo Emílio Salles Gomes (1916-77), um dos criadores do festival, foi o primeiro a defender "Lílian M" publicamente.
Feito com dinheiro de herança, o filme, que ri da ideologia de direita reinante então, fez cerca de 500 mil espectadores. Montado por
Inácio Araújo, crítico de cinema da Folha, "Lílian M." foi,
segundo o diretor, "reinventado na moviola", no correr
de seis meses.
Antes do início da projeção, Reichenbach relembrou
a viagem que fizera ao Rio para receber um prêmio que,
supostamente, a atriz Célia
Olga Benvenutti, a Lílian, receberia. Mas o prêmio foi parar em outras mãos.
"Foi a pior volta do Rio para São Paulo da minha vida",
disse. "Então, hoje, vou substituir um prêmio que está extinto e morto por um prêmio
que está mais vivo do que
nunca." Entregou, assim, o
troféu em sua homenagem a
Benvenutti, a atriz que, há 35
anos, deu corpo e rosto a esse
filme de ideal libertário e espírito marginal.
A jornalista ANA PAULA SOUSA viajou a
convite do festival
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