Quadrinista Spacca aborda período em que o pintor francês morou no país e mostrava corte portuguesa

PEDRO CIRNE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O quadrinista Spacca lançou no ano passado "Santô e os Pais da Aviação", biografia de Santos-Dumont. Agora ele volta à história brasileira e lança "Debret em Viagem Histórica e Quadrinhesca ao Brasil". No século 19, o pintor francês Jean-Baptiste Debret morou por 15 anos no Brasil, de 1816 a 1831. Veio com uma missão de artistas franceses ligados a Napoleão Bonaparte, destituído do trono francês em 1815.
Spacca tem muita história a contar: seu personagem esteve no Brasil em um momento importante da história nacional. Pintor histórico, que retratou as conquistas napoleônicas em sua terra natal, Debret passou a ilustrar cenas da corte portuguesa. Suas obras reproduzem momentos como a aclamação de d. João 6º ao reinado, em 1818, a coroação de d. Pedro 1º, em 1822, e a renúncia deste em favor de seu filho, d. Pedro 2º, em 1831.
O francês também participou ativamente da história brasileira: esteve nas primeiras exposições artísticas no país, desenhou a bandeira do Brasil adotada em 1822 e participou do processo de criação da Academia Imperial de Belas-Artes, em 1826. A ligação de Debret com o país continuou após seu retorno à Europa. De 1834 a 1839 ele publica, em três volumes, "Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil".

Riqueza de detalhes
São gravuras e reproduções de originais que fez em suas viagens e que retratam o dia-a-dia brasileiro: paisagens, índios, escravos, condecorações e cenas da sociedade carioca. A riqueza dos detalhes vai da vendedora do pão-de-ló aos potes e gamelas, passando pela múmia indígena, túmulo de padres e o mausoléu da imperatriz.
Spacca mudou desde o livro anterior para este novo trabalho. Se foram utilizadas 144 páginas para a biografia de Santos-Dumont, este momento da vida de Debret ele narra em 18 páginas. Completam a edição esboços que Spacca fez ao preparar os personagens e reproduções de obras de Debret, inclusive um auto-retrato e o desenho da bandeira nacional.
O livro não faz um apanhado completo da vida de Debret ou do Brasil durante o século 19, mas tem o mérito de apresentar, no traço divertido de Spacca, um pouco de como era o país naquela época.
E que o leitor interessado não pare por aí e faça como Debret, que foi atrás e descobriu, em detalhes, um período da história do Brasil que vale a pena conhecer mais a fundo.