São Paulo, sábado, 26 de janeiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Seção está entre as mais lidas do jornal

DA REPORTAGEM LOCAL

O "New York Times" não tem mais Robert McG. ou Alden Whitman na sua editoria de obituários -sim, há uma editoria para isso, com quatro repórteres, colaboradores e um editor, hoje Bill McDonald, que já foi editor de política, cultura e investigação.
Com algumas fórmulas, muita criatividade e alguns empurrões dos leitores, ele fala sobre o prestígio de "uma das seções mais lidas do jornal" e diz ser possível fazer os melhores obituários do mundo. A seguir, a entrevista que concedeu à Folha, de Nova York, por telefone. (WV)

 

FOLHA - Quem é elegível para um obituário no "Times"?
BILL MCDONALD -
Quem deu algum tipo de contribuição à sociedade, deixando uma marca em seu tempo. Mesmo desconhecido, mas que descobrimos que fez algo significante. E celebridades que deixaram uma forte impressão no público.

FOLHA - Há alguma fórmula para escrever?
MCDONALD -
Sim, temos um padrão: dizemos o nome, por que ele é importante, por que estamos escrevendo sobre ele, onde morreu e quando. O resto é biográfico. Mas podemos ser muito criativos em cima disso.

FOLHA - O público oferece obituários ao jornal?
MCDONALD -
Sim, fizemos há pouco o obituário de um homem que escreveu mais de mil diários, talvez a maior coleção, com milhões de palavras. Nunca tínhamos ouvido falar dele. Alguém ligou para o repórter e contou. Recebemos centenas de ligações, cartas e e-mails com pedidos de publicação.

FOLHA - Quem são os leitores do obituário do "Times"?
MCDONALD -
Temos um público bastante dedicado, de todas as partes da sociedade, mas tendem a ser mais velhos, pois escrevemos sobre pessoas de quem eles se lembram. Gente da geração "baby boom" e que está começando a morrer.

FOLHA - É uma das seções mais lidas do jornal?
MCDONALD -
Muitos dizem que é a primeira página que lêem, que querem saber primeiro quem morreu. É quase como um ritual, que remonta aos primórdios da nossa sociedade, quando o "town crier" (um arauto) ia às cidades anunciar quem havia morrido à noite.

FOLHA - O "Times" ainda entrevista os perfilados quando vivos?
MCDONALD -
Algumas vezes, sim. Escrevemos obituários com antecedência, quando são pessoas mais importantes. Alguns deles querem, alguns não.


Texto Anterior: Livros: Coletânea traz melhores obituários do "NY Times"
Próximo Texto: Trecho
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.