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Seção está entre as mais lidas do jornal
DA REPORTAGEM LOCAL
O "New York Times" não tem
mais Robert McG. ou Alden
Whitman na sua editoria de
obituários -sim, há uma editoria para isso, com quatro repórteres, colaboradores e um editor, hoje Bill McDonald, que já
foi editor de política, cultura e
investigação.
Com algumas fórmulas, muita criatividade e alguns empurrões dos leitores, ele fala sobre
o prestígio de "uma das seções
mais lidas do jornal" e diz ser
possível fazer os melhores obituários do mundo. A seguir, a
entrevista que concedeu à Folha, de Nova York, por telefone. (WV)
FOLHA - Quem é elegível para um
obituário no "Times"?
BILL MCDONALD - Quem deu algum tipo de contribuição à sociedade, deixando uma marca
em seu tempo. Mesmo desconhecido, mas que descobrimos
que fez algo significante. E celebridades que deixaram uma
forte impressão no público.
FOLHA - Há alguma fórmula para
escrever?
MCDONALD - Sim, temos um padrão: dizemos o nome, por que
ele é importante, por que estamos escrevendo sobre ele, onde
morreu e quando. O resto é biográfico. Mas podemos ser muito criativos em cima disso.
FOLHA - O público oferece obituários ao jornal?
MCDONALD - Sim, fizemos há
pouco o obituário de um homem que escreveu mais de mil
diários, talvez a maior coleção,
com milhões de palavras. Nunca tínhamos ouvido falar dele.
Alguém ligou para o repórter e
contou. Recebemos centenas
de ligações, cartas e e-mails
com pedidos de publicação.
FOLHA - Quem são os leitores do
obituário do "Times"?
MCDONALD - Temos um público
bastante dedicado, de todas as
partes da sociedade, mas tendem a ser mais velhos, pois escrevemos sobre pessoas de
quem eles se lembram. Gente
da geração "baby boom" e que
está começando a morrer.
FOLHA - É uma das seções mais lidas do jornal?
MCDONALD - Muitos dizem que
é a primeira página que lêem,
que querem saber primeiro
quem morreu. É quase como
um ritual, que remonta aos primórdios da nossa sociedade,
quando o "town crier" (um
arauto) ia às cidades anunciar
quem havia morrido à noite.
FOLHA - O "Times" ainda entrevista os perfilados quando vivos?
MCDONALD - Algumas vezes,
sim. Escrevemos obituários
com antecedência, quando são
pessoas mais importantes. Alguns deles querem, alguns não.
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