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TELEVISÃO
Crítica
Douglas Sirk impõe a essência do melodrama
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
A coisa mais impressionante
nos melodramas de Douglas
Sirk é isso que se pode chamar
de "o olhar do cego".
Seus personagens, no entanto, nada têm de cegos, caso de
Fred MacMurray em "Chamas que Não Se Apagam" (TC
Cult, 14h55; livre).
Ele é um próspero industrial
numa cidadezinha de interior,
casado com Joan Bennett, que
em outros carnavais já foi bem
mulher fatal.
Mas quem surge (ou ressurge) na vida do industrial é ninguém menos que a atriz Barbara Stanwick, a essência da
"femme fatale".
Ora, o bom homem ficará
suspenso entre sua linda casa e
seus belos filhos -ou seja, essa
vida pacata e, vamos admitir,
insossa que as coisas muito
certinhas propiciam- e a tremenda atração que sobre ele
exerce a outra.
Desde então ele vê, mas não
enxerga o mundo: por mais que
olhe, ele só vê a si mesmo, ali
onde o mundo desmorona.
O melodrama é fundamentalmente isso: não uma choradeira, mas a percepção de que a
vida realmente não perdoa.
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