São Paulo, terça-feira, 26 de janeiro de 2010

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TELEVISÃO

Crítica

Douglas Sirk impõe a essência do melodrama

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

A coisa mais impressionante nos melodramas de Douglas Sirk é isso que se pode chamar de "o olhar do cego".
Seus personagens, no entanto, nada têm de cegos, caso de Fred MacMurray em "Chamas que Não Se Apagam" (TC Cult, 14h55; livre).
Ele é um próspero industrial numa cidadezinha de interior, casado com Joan Bennett, que em outros carnavais já foi bem mulher fatal.
Mas quem surge (ou ressurge) na vida do industrial é ninguém menos que a atriz Barbara Stanwick, a essência da "femme fatale".
Ora, o bom homem ficará suspenso entre sua linda casa e seus belos filhos -ou seja, essa vida pacata e, vamos admitir, insossa que as coisas muito certinhas propiciam- e a tremenda atração que sobre ele exerce a outra.
Desde então ele vê, mas não enxerga o mundo: por mais que olhe, ele só vê a si mesmo, ali onde o mundo desmorona.
O melodrama é fundamentalmente isso: não uma choradeira, mas a percepção de que a vida realmente não perdoa.


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