São Paulo, quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

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CRÍTICA TEATRO

Bortolotto surpreende com espetáculo doce e nostálgico


O CHARME DA PEÇA, ALÉM DA DIREÇÃO DE BORTOLOTTO, É A PRESENÇA DOS ATORES HENRIQUE STROETER E FÁBIO ESPÓSITO


CHRISTIANE RIERA
CRÍTICA DA FOLHA

Escrita em 1983 por Mário Bortolotto, "À Meia-Noite um Solo de Sax na Minha Cabeça" já passou por diversas versões. Em uma delas, Cibele Forjaz dirigindo Raul Cortez e Mário César Camargo.
O charme desta recente montagem, além da direção do próprio autor, é a presença dos excelentes atores Henrique Stroeter e Fábio Espósito nos papéis de Billy e Jesse, amigos desde o berçário.
Billy, filho de prostituta, é um bebê malicioso com alma inquietante, que cresce no inconformismo e amadurece contra o sistema.
Jesse é seu oposto, uma criança articulada, fruto da solidez de um casamento burguês. É um moleque feliz e enraíza-se na comodidade.
Suas aventuras são contadas em 13 quadros com saltos no tempo, marcando trechos de suas vidas através de trocas eficientes de figurinos (Henry Solomovici) e belas projeções em telão (Ronaldo Cahin), que reproduzem fatos entre 1950 e 1983. Conhecido por ter "sangue nos olhos", Bortolotto surpreende ao lançar um olhar doce e nostálgico à frente desta montagem.
Passa do melancólico à comédia com suavidade. Se as obsessões sexuais dos amigos são tratadas de modo circense, consegue injetar doses de afeto entre os risos.
Com gestos animalescos, Stroeter retrata o indomesticável Billy com muito humor. O palhaço do Cirque du Soleil Espósito encanta por rara destreza na comédia.
Com protagonistas tão antagônicos, é inevitável o clichê. Em um dado momento, os atores posicionam-se em corredores opostos na plateia, de onde proferem ideias políticas padronizadas sobre a direita e a esquerda.
Apesar disso, há um solo de sax que vem do além, inexplicável e comovente, abafando os estereótipos e redimindo o espetáculo de ressalvas. No final, a vibração do sopro soa forte, com um timbre altamente simpático e divertido.

À MEIA-NOITE UM SOLO DE SAX NA MINHA CABEÇA

QUANDO Ter. e qua., às 21h; até 16/3
ONDE Espaço Parlapatões (pça. Franklin Roosevelt, 158; tel. 0/xx/11/3258-4449)
QUANTO R$ 30
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO bom


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