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Para Harris, filme é sobre o seu personagem
FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A BERLIM
"As Horas" é um filme essencialmente feminino. Suas três
atrizes principais, Meryl Streep,
Nicole Kidman e Julianne Moore
dominam, de fato, a cena -tanto
que compartilharam o Urso de
melhor atriz no último Festival de
Berlim.
Entretanto tal presença feminina perde espaço quando um homem entra em cartaz. Ele é Ed
Harris, 52, que, em "As Horas",
interpreta o escritor Richard
Brown, melhor amigo de Clarissa
Vaughan (Streep).
As cenas da dupla Harris e
Streep são curtas e decisivas
-afinal é ele quem se torna o elo
entre as três mulheres.
A atuação do ator rendeu-lhe
uma indicação para o Oscar de
papel coadjuvante, a segunda em
sua carreira.
"Criei o Richard a partir da lembrança de amigos -e foram muitos- que morreram em decorrência da Aids. É também uma
homenagem a eles", disse Harris
em entrevista à Folha em Berlim,
pouco antes da exibição de "As
Horas", na mostra competitiva do
festival.
Apesar das poucas cenas em
que aparece -foram apenas cinco dias de filmagens- o personagem Richard é, em "As Horas", determinante para a construção
da trama e, por isso, a atuação de
Harris ganha tamanha importância no filme.
"Muita gente diz que esse é um
filme sobre mulheres, mas eu não
compartilho dessa opinião. Para
mim, o filme é sobre Richard.
Além do mais, como ator, não
penso que estou em uma cena por
causa de outro personagem, mas
por conta do meu. É assim a minha forma de atuação", disse o
ator de olhos azuis.
Harris é um dos nomes mais
versáteis de Hollywood hoje.
Além de ter dirigido e atuado em
"Pollock", filme que lhe rendeu
uma indicação para o Oscar de
papel principal, em 2000, ele entra
em cartaz no próximo mês, nos
EUA, com "Buffalo Soldiers", de
Gregor Jordan.
O filme é umas das mais faladas
produções dos últimos tempos,
por seu caráter antipatriótico, justamente num momento em que o
nacionalismo está em alta na terra
do presidente George W. Bush.
"Buffalo Soldiers" trata de soldados norte-americanos corruptos numa base alemã e já teve sua estréia prorrogada várias vezes.
"Eu não acho que tenha havido
censura, mas teria sido ridículo
lançá-lo logo após 11 de setembro.
Ainda acho difícil de assisti-lo hoje. Não é um filme anti-América,
mas um retrato delicado sobre o
que se passa com suas tropas no
exterior", disse Harris.
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