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Scorsese é o melhor diretor e seu "Os Infiltrados", o melhor filme
Helen Mirren, de "A Rainha", é eleita melhor atriz; Forest Whitaker, de "O Último Rei da Escócia", é o melhor ator
SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A LOS ANGELES
O diretor norte-americano
Martin Scorsese ganhou, enfim, seu Oscar de melhor diretor. Seu filme "Os Infiltrados"
foi também escolhido o melhor, ontem, em Los Angeles.
Eterno desprezado pela academia, Martin Scorsese concorria
ontem a seu sexto Oscar como
diretor. Aos 64 anos, o nova-iorquino perdeu antes por "O
Aviador" (2005), "Gangues de
Nova York" (2003), "Os Bons
Companheiros" (1991), "A Última Tentação de Cristo" (1989)
e "Touro Indomável" (1981).
Scorsese perderia ainda duas
vezes como co-autor de roteiros adaptados, com "A Era da
Inocência" (1994) e "Companheiros". Até ontem, fazia parte de um time que incluia grandes como Alfred Hitchcock, Orson Welles, Stanley Kubrick e
Howard Hawks.
Rumo às três dezenas de prêmios pelo mesmo papel, a britânica Helen Mirren coletou o
mais importante de todos na
madrugada de hoje, ao ser escolhida melhor atriz por sua interpretação de Elizabeth em "A
Rainha". Era a favorita, não
houve surpresa. Da mesma forma Forest Whitaker, de "O Último Rei da Escócia", favorito a
ator, levou mesmo a estatueta.
A surpresa veio com o veterano Alan Arkin, 72, que Oscar de
melhor ator coadjuvante por
sua interpretação do avô junkie
de "Pequena Miss Sunshine",
ontem em Los Angeles. O favorito na categoria era Eddie
Murphy, por sua interpretação
para James "Thunder" Early
para "Dreamgirls - Em Busca
da Fama".
O filme ganharia ainda roteiro adaptado. Já na versão feminina da categoria deu o esperado: a favorita Jennifer Hudson
foi escolhida atriz coadjuvante
por seu trabalho no musical.
"Dreamgirls", que concorria
em sete categorias, mas não a
melhor filme, levou ainda edição de som.
"O Labirinto do Fauno", a fábula que se passa durante a ditadura de Franco, na Espanha,
dirigida pelo mexicano Guillermo Del Toro, acumulava o
maior número de prêmios: direção de arte, maquiagem e direção de fotografia. Mas o alemão "A Vida dos Outros" estragaria sua festa, ao ganhar filme
estrangeiro. No clipe em homenagem à categoria, aliás, estava
a produção franco-ítalo-brasileira "Orfeu Negro" (1959), de
Marcel Camus.
Al Gore
De resto, foi Al Gore o tempo
todo. Além de ganhar "Uma
Verdade Inconveniente" na categoria documentário e em melhor canção, no meio da cerimônia o ex-vice-presidente democrata subiu ao palco com o
ator Leonardo DiCaprio para
anunciar que a cerimônia era
oficialmente "verde", ou seja,
que a academia havia adotou
medidas para diminuir seu impacto sobre o meio ambiente.
Provocado duas vezes, de
brincadeira, se não queria
aproveitar o momento para
anunciar algo, o vitorioso do
voto popular de 2000 e hesitante pré-candidato a 2008 finalmente puxou um papel, mas
foi interrompido pela orquestra. Tudo ensaiado, claro, e de
brincadeira.
Antes, nas duas horas que antecederam a cerimônia de ontem, um dos mais solicitados
para entrevistas no tapete vermelho era ele, que chegou
acompanhado da mulher, Tipper.
O democrata, vencedor nas
urnas nas eleições de 2000, que
o republicano George W. Bush
acabaria ganhando depois de
uma decisão da Suprema Corte,
foi aplaudido de pé ao subir ao
palco para receber o prêmio. "O
aquecimento global é uma
questão bipartidária", diria depois aos jornalistas, nos bastidores. "E essa é a campanha à
qual foi me dedicar", não à presidencial.
Ao receber o prêmio de melhor canção, e derrotar as favoritas de "Dreamgirls", a música
Melissa Etheridge agradeceria
à mulher e ao ex-vice-presidente, "por nos inspirar mostrando
que se preocupar com o planeta
não é algo republicano ou democrata, não é azul ou vermelho, mas verde."
Elogio inesperado
Horas antes, Gore havia recebido um elogio inesperado do
presidente em exercício de Cuba, Raúl Castro. Texto publicado pelo jornal dominical da Juventude Comunista informava
que o irmão de Fidel "reconheceu o esforço do ex-vice-presidente em denunciar o aquecimento global", durante reunião
realizada na sexta com jovens
líderes. O canal de televisão estatal cubano já havia exibido,
em horário nobre, o documentário do ex-candidato.
Estética YouTube
A cerimônia, que começou às
17h30 locais (22h30 de Brasília), no Kodak Theatre, em
West Hollywood, na Grande
Los Angeles, foi conduzida pela
primeira vez por Ellen DeGeneres. A comediante, gay assumida e apresentadora de um
talk-show vespertino na TV
aberta norte-americana, fez
um monólogo inicial parecido
com seus shows.
Nele, citou sua orientação sexual, ao pedir mais tolerância.
"Se não houvesse negros e gays,
não haveria o Oscar. Aliás, nem
pessoas chamadas Oscar",
brincou. Começou os trabalhos
depois de um clipe com os indicados, que agradeceram em pé
no abrir das cortinas, um fato
inédito nos prêmios. O clipe
imitava a estética YouTube e os
comerciais da Apple. A idéia era
rejuvenescer uma cerimônia
que vem envelhecendo e perdendo audiência.
O 79º Oscar foi marcada pela
ausência de filmes favoritos, resultado da pulverização das indicações, e um índice inédito de
indicados não-americanos,
com predomínio de mexicanos
e britânicos, ou de minorias.
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