São Paulo, terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

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Oscar 2008

"Nunca me envergonhei de ser stripper"

Roteirista que levou o Oscar por "Juno", Diablo Cody fala sem pudores sobre seu passado e atribui sucesso do filme a Ellen Page

Escritora diz que não usaria sua vida pessoal como ponto de partida para um roteiro: "Seria tão bobo que não acreditariam que sou eu"

Mark J. Terrill/Associated Press
Diablo Cody recebe de Harrison Ford o Oscar de roteiro original por "Juno', anteontem à noite

DO ENVIADO A LOS ANGELES

No Oscar que se seguiu à longa greve dos roteiristas de Hollywood, a vencedora por melhor roteiro original, de vestido de oncinha com decote por todos os lados e tatuagens à mostra, foi tão fotografada no tapete vermelho quanto os indicados a melhor ator e atriz.
Trata-se da ex-stripper Diablo Cody, 29 anos, criadora de "Juno", filme sobre uma adolescente que engravida aos 16 anos e se compromete a entregar o bebê a um casal, que acabou indicado a melhor do ano. Diablo Cody -pseudônimo de Brook Busey, nascida em Chicago- fala de seu passado com bastante naturalidade.
"Não, não, nunca fui dançarina", disse a um repórter que perguntou o que mudou desde seu passado na dança. "Eu era stripper. Infelizmente, não consigo dançar. Adoraria, mas... Olha, vocês podem me lembrar que fui stripper, não é um problema", disse ela, na sala de imprensa localizada nos bastidores do Kodak Theatre, em Los Angeles.
A Folha participou de duas entrevistas com ela: no sábado, quando venceu na categoria de roteirista estreante no Independent Spirit Awards, e no domingo, no Oscar, onde ela foi a única vencedora aplaudida pelos funcionários ao surgir no corredor do teatro com o troféu na mão. Abaixo, os principais trechos das duas entrevistas.

 

"JUNO" - O filme é um sucesso agora, mas tem uma idéia simples. Quem, dois anos atrás, pensaria que um filme sobre uma adolescente grávida faria todo esse sucesso e concorreria ao Oscar? Grande parte do mérito é da Ellen Page [protagonista, indicada a melhor atriz], que foi tão perfeita nesse filme. Ela é tão boa atriz que tem gente que ficou achando que ela é igual à Juno, e ela não tem nada a ver com a personagem.

STRIPPER - Olha, vocês [jornalistas] podem me lembrar que fui stripper, não é problema. Eu nunca me envergonhei de ser stripper e entendo que vocês tenham curiosidade. É meu passado, minha história. E hoje estou aqui recebendo o Oscar. Eu sou quem eu sou. Tudo se completa. Hoje tenho outra profissão, mas me lembro bem de onde eu vim.

PERSONAGEM - Não, não, imagine, eu nunca escreveria um filme sobre minha vida. Seria tão bobo que não acreditariam que sou eu.

FUTURO - Agora eu quero escrever. É um grande prazer, vocês não têm idéia. Ganhar prêmio me deixa muito feliz e incentivada, mas a principal alegria foi fazer o filme, vê-lo pronto, na tela. É essa alegria que quero viver mais vezes.
(DANIEL BERGAMASCO)


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