São Paulo, sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

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TELEVISÃO

Crítica

Kubrick foca em caráter distorcido do mundo

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

As lentes grande-angulares têm a vantagem de ampliar os espaços e a desvantagem de distorcer as linhas laterais do quadro cinematográfico. São uma bênção e também um perigo ao mesmo tempo.
Ninguém soube melhor se servir delas, talvez, do que Stanley Kubrick. Vejamos "Laranja Mecânica" (Cinemax, 0h30; 18 anos).
Existe ali uma Inglaterra meio artificial, meio descontrolada, mistura de Beethoven com punk, de espírito libertário com repressão vitoriana, de Mary Quant com Mary Stuart.
Tudo isso se materializa na gangue cruel de Malcolm McDowell, em sua ação perversa e no tratamento a que ele é submetido.
A grande-angular é, sem dúvida, a focal mais apta a captar o caráter distorcido desse mundo, mas, ao mesmo tempo, a acentuar a rapidez e a impulsividade dos movimentos dos atores do filme.
Kubrick trabalha tudo isso de modo a acentuar a sensação de violência e, ainda mais, de decomposição que "Laranja Mecânica" carrega.


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