São Paulo, Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 1999
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ARTHUR FONTES - "O PRIMEIRO PECADO"

JOSÉ GERALDO COUTO
da Equipe de Articulistas

Arthur Fontes, 35, falou à Folha sobre "O Primeiro Pecado", seu episódio do filme "Traição", e sobre seu novo projeto de longa-metragem.

Folha - Como você compara seu episódio com os outros dois de "Traição"?
Arthur Fontes -
Esse projeto teve uma evolução longa, e seu conceito foi mudando.
Como o meu segmento foi o primeiro a ser filmado, eu "vesti as sandálias da humildade" diante do mestre.
Meu objetivo era fazer a adaptação mais fiel possível ao texto original.
Acabei fazendo uma comédia porque não tenho como fazer alguma coisa que não puxe para o humor.
No próprio documentário "Futebol", que fiz com João Moreira Salles, tentei ressaltar, na montagem, tudo o que as histórias tinham de humor.
Tenho uma tendência a fazer comédia leve. Faço um biscoito mais fino. O Cláudio (Torres) tem um "feeling" maior para a massa. E o Zé Henrique (Fonseca) radicaliza.
Folha - Quais são suas principais influências cinematográficas? Você acha que elas transparecem em "O Primeiro Pecado"?
Fontes -
Sou, de certo modo, um tradicionalista. Gosto de Lubitsch, de "screwball comedies". Acho que minha maior influência nesse filme foi de Lubitsch.
Resolvi dar um ar zona sul ao filme, uma sofisticada. Queria fugir da leitura clichê do Nelson Rodrigues.
Decidi: não vai ter nudez, não vai ter palavrão...
Folha - Vocês davam palpites nos episódios dos outros?
Fontes -
A gente faz isso em tudo o que faz. Na Conspiração conversamos e debatemos muito.
Mas, na hora de realizar, cada um tem total autonomia. Em "Traição", cada um fez o filme que quis.
Folha - Qual é o seu próximo projeto para cinema?
Fontes -
Na Conspiração há uma "linha de montagem". O meu projeto está lá para o quarto lugar, atrás de outros três.
Vai ser um filme para adolescentes, chamado "Outras Ondas". Estou desenvolvendo o roteiro com a Rosane Svartman (diretora de "Como Ser Solteiro").
É sobre garotos da zona sul que estão na fase dos 18 anos, que pegam onda, e que estão na fase de fazer vestibular.
Penso nele como um filme próximo das comédias de John Hughes, do cinema juvenil americano dos anos 60, mas muito com a cara da zona sul carioca.
A zona sul é a nossa "Little Italy", com uma loucura toda própria, muito nossa.


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