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Washington agradece com ironias
DO ENVIADO A HOLLYWOOD
Halle Berry, 35, acha que entrou
para a história por ser a primeira
atriz negra a ganhar o Oscar; Denzel Washington, 47, não. E não só
o prêmio dele como o dela também (antes dos dois, apenas seis
negros haviam ganho o Oscar, somente Sidney Poitier na categoria
principal, o resto como coadjuvante). Nas entrevistas que os
vencedores deram nos bastidores
do novo Kodak Theatre para a
imprensa internacional, o ator começou provocando:
"Escreva no seu jornal amanhã
o título "Ator ganha Oscar" para
ver se repercute. É por isso".
Para ele, o prêmio significa "um
aplauso para você como ator". E
só. "Fui indicado cinco vezes e ganhei duas. Isso fala por si. Orgulho-me do que faço e trabalho duro". Em comparação, acha mais
importante o Oscar de coadjuvante que ganhou em 1990 por
"Tempo de Glória".
"É mais excitante e surreal da
primeira vez", disse. "Halle Berry
está muito mais impressionada
do que eu." Brincando de desdenhar o prêmio de domingo, afirmou que seu Oscar de 1990 "ganhou um priminho". Se o ator
brincava e respondia ironicamente a algumas perguntas, o clima
era outro com Berry.
"Espero que a partir de hoje esta
cidade (Hollywood) pare de levar
em conta a cor e comece a nos julgar pelo mérito de nosso trabalho", disse a atriz. Ela é filha de
mãe branca, que estava a seu lado
na platéia no domingo, e pai negro, a quem acusa de alcoólatra e
violento e com quem está rompida desde a adolescência, quando
da separação do casal.
Ela acha, sim, que fez história.
"Este prêmio não é só para mim, é
para as várias pessoas que concorreram antes de mim, que pavimentaram a estrada", afirmou. "E
para as que virão e terão a trajetória naturalmente mais fácil. Espero que o telhado de vidro (do racismo) tenha sido quebrado e que
o buraco seja bem grande."
Previsão de mãe
Já para o diretor Ron Howard,
48, vencedor pelo polêmico "Uma
Mente Brilhante", a estatueta foi o
reconhecimento de uma carreira
nem sempre levada muito a sério
pela Academia e pontilhada de
sucessos comerciais como "Coccon" e "Splash".
"Não posso dizer que não tenha
ensaiado este momento milhares
de vezes em minha cabeça nos últimos anos", disse ele. E brincou:
"Antes de minha mãe morrer, há
18 meses, ela previu que eu ganharia o Oscar por este filme. Bem, ela
também fez a mesma previsão para todos os filmes que dirigi desde
1983..."
(SD)
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