São Paulo, terça-feira, 26 de março de 2002

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Washington agradece com ironias

DO ENVIADO A HOLLYWOOD

Halle Berry, 35, acha que entrou para a história por ser a primeira atriz negra a ganhar o Oscar; Denzel Washington, 47, não. E não só o prêmio dele como o dela também (antes dos dois, apenas seis negros haviam ganho o Oscar, somente Sidney Poitier na categoria principal, o resto como coadjuvante). Nas entrevistas que os vencedores deram nos bastidores do novo Kodak Theatre para a imprensa internacional, o ator começou provocando:
"Escreva no seu jornal amanhã o título "Ator ganha Oscar" para ver se repercute. É por isso".
Para ele, o prêmio significa "um aplauso para você como ator". E só. "Fui indicado cinco vezes e ganhei duas. Isso fala por si. Orgulho-me do que faço e trabalho duro". Em comparação, acha mais importante o Oscar de coadjuvante que ganhou em 1990 por "Tempo de Glória".
"É mais excitante e surreal da primeira vez", disse. "Halle Berry está muito mais impressionada do que eu." Brincando de desdenhar o prêmio de domingo, afirmou que seu Oscar de 1990 "ganhou um priminho". Se o ator brincava e respondia ironicamente a algumas perguntas, o clima era outro com Berry.
"Espero que a partir de hoje esta cidade (Hollywood) pare de levar em conta a cor e comece a nos julgar pelo mérito de nosso trabalho", disse a atriz. Ela é filha de mãe branca, que estava a seu lado na platéia no domingo, e pai negro, a quem acusa de alcoólatra e violento e com quem está rompida desde a adolescência, quando da separação do casal.
Ela acha, sim, que fez história. "Este prêmio não é só para mim, é para as várias pessoas que concorreram antes de mim, que pavimentaram a estrada", afirmou. "E para as que virão e terão a trajetória naturalmente mais fácil. Espero que o telhado de vidro (do racismo) tenha sido quebrado e que o buraco seja bem grande."

Previsão de mãe
Já para o diretor Ron Howard, 48, vencedor pelo polêmico "Uma Mente Brilhante", a estatueta foi o reconhecimento de uma carreira nem sempre levada muito a sério pela Academia e pontilhada de sucessos comerciais como "Coccon" e "Splash".
"Não posso dizer que não tenha ensaiado este momento milhares de vezes em minha cabeça nos últimos anos", disse ele. E brincou: "Antes de minha mãe morrer, há 18 meses, ela previu que eu ganharia o Oscar por este filme. Bem, ela também fez a mesma previsão para todos os filmes que dirigi desde 1983..."
(SD)



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