São Paulo, terça-feira, 26 de março de 2002

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TELEVISÃO

Cerimônia pós-11 de setembro valoriza discursos

ESTHER HAMBURGER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Sem tanto figurino ou cenário, o tom da cerimônia de entrega do Oscar foi relativamente discreto. O 11 de setembro foi lembrado desde a abertura e esteve presente na mensagem de união nacional com premiações e homenagens. As apresentações suscitaram mais comentários pelo texto proferido que pelos trajes exibidos.
Oscar é suspense, torcida e aposta -ao vivo, o que coloca problemas para transmissão em outras línguas. A cobertura brasileira mais uma vez se ressente da distância. Os trajes formais dos apresentadores daqui só fazem salientar seu afastamento.
Grande parte do interesse do espetáculo vem de uma nesga de "reality show" que ele mantém. Os astros, situados na platéia, como espectadores normais, se emocionam surpreendidos. Chamados ao palco para receber uma estatueta, improvisam com a voz embargada, ou recorrem a pedaços de papel para proferir listas de agradecimentos.
Estar presente faz diferença. Comentários de Ana Maria Bahiana, no Telecine, feitos in loco, interpretaram um pouco do significado das premiações no jogo da academia. Aqui o choque de idiomas não incomoda.
José Wilker se sai melhor comentando filmes do que dialogando com internautas brasileiros. Rubens Ewald, pouco afinado com Marília Gabriela, que tropeçou várias vezes na estréia, fornece dados históricos úteis.
Erros de sincronia entre som e imagem em ambos os canais também salientam que somos de fora, assistimos um espetáculo dos outros -o que, afinal, é verdade, por mais que Hollywood se queira como centro de produção do cinema como linguagem universal.


Esther Hamburger é professora da ECA-USP e editora do site Trópico (www.uol.com.br/tropico)



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