São Paulo, domingo, 26 de março de 2006 |
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MÔNICA BERGAMO
O estilista Rogério Figueiredo diz que já fez mais de 400 peças para a primeira-dama de SP e revela como transformou seu jeito de vestir O estilo dona Lu
Caso seja eleita primeira-dama do Brasil, Lu Alckmin,
mulher do governador de
SP, Geraldo Alckmin, estará livre de um dos problemas
que mais atormentaram a atual
primeira-dama, Marisa Letícia:
a montagem de um guarda-roupa que lhe permita aparecer
arrumada, chique e elegante ao
lado do marido. Desde que Alckmin assumiu o governo de São Paulo, em 2001, Lu se dedicou com afinco à tarefa. "Ela tem hoje mais de 400 peças de alta costura em seu guarda-roupa, entre camisas, vestidos e tailleurs", diz Rogério Figueiredo, o estilista predileto de Lu. São cerca de 200 modelos completos, e únicos. Detalhe: fez isso sem gastar. "Dei tudo de presente a ela", revela Figueiredo, que tem um ateliê nos Jardins. Cada vestido dele custa de R$ 3.000 a R$ 5.000. "Tudo de dona Lu é exclusivo. Ela não tem nada meu que outra pessoa também tenha", diz Figueiredo. O guarda-roupa de Lu Alckmin tem também peças de grifes internacionais: Valentino e Burberry, como ela já revelou à coluna, e Chanel e Seven -como contou à edição de fevereiro da "RSVP", a publicação de alto luxo da revista "Caras". Um Valentino vermelho clássico, modelo que ela usa, pode custar de R$ 1.500 a R$ 15 mil na Daslu -depende se ele é da primeira ou da segunda linha da marca. A primeira-dama é cliente da loja, diz Mônica Mendes, assessora da Daslu. Mas, nesse caso, paga pelas roupas. "Não damos nada para ela, nem para ninguém", diz a assessora. Nem o fato de Sophia, filha de Lu, ter trabalhado na Daslu deu à mãe direito a um descontinho, diz. Rogério Figueiredo diz que começou a costurar para a primeira-dama em 2001, quando ela assumiu o "cargo". Figueiredo recorda: "Fui assistir a um balé e lá fui apresentado a ela por meu amigo Carlos Armando Fiorino. Ele disse: "Esse é o estilista que vai fazer a primeira-dama de SP ser bem vestida". Dias depois, dona Lu veio ao meu ateliê com uma assessora, a Edna." Ele diz que ficou impressionado com o jeito singelo da primeira-dama. "Dona Lu era muito simplesinha. Vestia jeans e camiseta. Ela não tinha uma única calça de alfaiataria. Nem sabia o que era isso". Ele propôs que fizessem um primeiro vestido para experimentar. O estilista desenhou então um modelo de crepe vogue francês preto com gola sobreposta em cetim branco. "Fizemos a prova, e ficou perfeito. Foi o começo do nosso casamento. Depois disso, não tive mais sossego." A primeira-dama queria adotar um estilo clássico, "tipo bonequinha de luxo", e inspirado em Jacqueline Kennedy, a primeira-dama americana. "Numa viagem a Nova York comprei oito livros sobre a vida de Jacquie Kennedy", diz Figueiredo. Uma das primeiras providências do estilista foi desenhar tailleurs e vestidos tipo tubo, básico, para ela usar no dia-a-dia. Foram feitos modelitos azuis, pretos, brancos, beges, marfim e vermelhos, "que ela adora". Quase todos foram confeccionados num tecido que não amassa, o crepe vogue. Francês. "Tudo de dona Lu sempre foi importado. Nada é nacional", diz Figueiredo. Depois vieram os vestidos de festa, de vários comprimentos, em georgette de seda pura, shantung de seda e organza de seda pura. Muitos vestidos eram feitos para ocasiões específicas. Um deles, amarelo, de shantung de seda, decote canoa e fenda lateral foi feito para o Dia das Mães. "Era para uma foto que a dona Lu tiraria com a Sophia para a revista "Caras'", diz Figueiredo. Os dois ficaram amigos. Figueiredo chegou a fazer desfiles para arrecadar recursos para o Fundo Social de Solidariedade, comandado por dona Lu. Um deles, em 2002, foi no Palácio dos Bandeirantes, com um cenário que, segundo Figueiredo, "lembrava o Palácio de Versalhes". Nesse dia Lu usou um vestido "by" Figueiredo, "todo em tule de seda pura bordado com babados de organza e laços de cetim". Em 2005, Figueiredo passou por uma chateação: assessores de Lu enviaram a seu ateliê vestidos de outras marcas para ele ajustar. "Achei uma falta de respeito", diz. Houve um certo estresse, e os pedidos por roupas começaram a rarear. Ele ficou chateado. "Montei a primeira imagem da Maria Lucia Alckmin. Ela era correta e simples, mas não tinha um estilo", diz. O estilista afirma que, no fim de 2005, recebeu um telefonema de dona Lu. "Eu gosto muito dela, tenho certeza de que ela vai voltar para o ateliê", diz ele. De qualquer forma, afirma, "com o que já fiz a dona Lu tem roupa para usar pelo resto da vida". Discreta, dona Lu raramente fala sobre as roupas que usa. A coluna tentou conversar com ela sobre o assunto. Telefonou e enviou e-mails. Mas sua assessora, Cristina Macedo, foi taxativa: "A dona Lu não fala sobre sua vida pessoal". @ - bergamo@folhasp.com.br, COM DANIEL BERGAMASCO E AUDREY FURLANETO DEBATE ÉTICO As saias justas de Marisa
A primeira-dama Marisa
Letícia já teve dissabores
por causa de seu guarda-roupa. Em junho de 2003,
quando esta coluna revelou
que ela usava 55 jóias emprestadas de joalherias de
São Paulo, num total de R$
166 mil, Marisa decidiu devolver todas para as lojas. Ela foi criticada pelo Ministério Público e inocentada pelo então presidente da Comissão de Ética, José Geraldo Piquet Carneiro, que entendeu que, por ser uma cidadã "livre" e "comum", ela poderia receber os presentes que quisesse. No ano passado, outra confusão: o estilista Ivan Aguilar, que já fez 27 tailleurs e 15 ternos para Marisa, deu à coluna três versões para os custos das roupas: primeiro afirmou que eram pagas pelo governo. Depois disse que Lula pagava tudo, com cheque. Enfim, admitiu que doava as roupas. O prefeito do Rio, Cesar Maia -que deve se engajar na campanha de Geraldo Alckmin à Presidência -, disse à coluna, na época, que a doação era um escândalo. Motivo até para o impeachment de Lula. Texto Anterior: Crítica a Lula Próximo Texto: TV paga: "Augusto" mostra nova recriação de Roma Índice |
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