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CLÁSSICO
Fritz Lang expõe gênese do noir
TIAGO MATA MACHADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O remake americano do
clássico francês "La Chienne" (1931) era para ser mais uma
sátira europeizada de Ernst Lubitsch. Mas este acabou jogando a
toalha: para os padrões americanos do pré-guerra, o anárquico
filme original de Jean Renoir era
inadaptável.
Depois da Segunda Guerra,
Fritz Lang retomou o projeto. O
sistema de produção hollywoodiano estava mudando (produtoras independentes, como a que
Lang acabara de fundar, entravam no mercado) e as demandas
do público também.
"Almas Perversas" (1945), o resultado da empreitada, pode ser
visto hoje como um dos remakes
mais interessantes da história, um
diálogo de estilos e visões de
mundo de dois gênios em tudo
opostos, Lang e Renoir.
O filme de Renoir era uma sátira
às instituições burguesas em que
a visão social do diretor (sua utopia rousseauísta) se impunha sobre a psicologia das personagens.
A versão de Lang é temperada a
Freud e "filmes de rua" alemães (a
semente do noir). Transformado
num típico herói de "filme de
rua", um burguês reprimido às
voltas com perigos e seduções da
vida moderna, Edward G. Robinson faz o bancário que tropeça em
"almas perversas" pelo caminho.
O filme é a soma de tudo o que
Lang trazia em sua bagagem de
exilado -soma que resultou no
gênero noir, cuja genealogia está
no périplo de homens como ele,
que, foragidos do nazismo, passaram pela Paris de "La Chienne"
nos anos 30, antes de aportar na
América dos 40.
Almas Perversas
Direção: Fritz Lang
Distribuidora: Aurora (R$ 36)
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