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Coleção Folha destaca "Casablanca"
Com Humphrey Bogart e Ingrid Bergman, 2º título da compilação de clássicos do cinema chega às bancas no domingo
Livro que acompanha o DVD relata curiosidades do filme, que teve baixo orçamento e chegou a usar um avião de papelão na famosa cena final
DA REPORTAGEM LOCAL
Em meio à febre de listas de
cinema, "Casablanca" é um
campeão de citações. Na série
de votações organizadas pelo
American Film Institute no início dos anos 90, por exemplo,
ele apareceu como o terceiro
melhor filme já feito e o melhor
romance de todos os tempos.
Ganhou destaque ainda na lista
das melhores canções ("As Time Goes By", claro) e na de frases inesquecíveis (nada menos
que seis foram lembradas).
A constante aparição de "Casablanca" nos cânones cinematográficos é o mais forte indício
de sua perenidade, mas é curioso observar como seu sucesso
foi resultado muito mais de
uma sucessão de pequenos acasos do que algo minuciosamente planejado. Esse é um dos
muitos aspectos curiosos mencionados no livro que acompanha o filme, no segundo volume
da Coleção Folha Clássicos do
Cinema, disponível nas bancas
a partir do próximo domingo,
29 de março.
Não que a Warner, estúdio
que bancou a produção, desprezasse o projeto. Ao contrário. A escalação do diretor Michael Curtiz -húngaro que migrou para os EUA em 1926 e
realizou mais de uma centena
de filmes- e dos astros
Humphrey Bogart e Ingrid
Bergman são indícios de que
era considerado um filme "classe A", como se dizia na época.
Mesmo os papéis secundários
foram preenchidos por atores
de peso: Paul Henreid como
Victor Laszlo, Peter Lorre como o vigarista Ugarte, Conrad
Veidt como Major Strasser e
Claude Rains, vencedor do Oscar de melhor ator coadjuvante, como o capitão Renault.
De resto, porém, a produção
foi absolutamente rotineira,
com um orçamento modesto
para a época (US$ 950 mil) e
um roteiro de confecção altamente atribulada, marcado,
principalmente, por conflitos
entre o diretor Michael Curtiz e
Howard Coch. Para se ter uma
ideia, nas filmagens da famosa
cena final, rodada em estúdio, o
avião em que Ilse (Bergman)
foge com seu marido foi construído em papelão. E a famosa
frase de Rick (Bogart) -"Esse é
o começo de uma bela amizade"- foi dublada, depois de o
filme estar pronto.
No entanto, "Casablanca" alcançou um sucesso muito
maior do que, por exemplo,
"Por Quem os Sinos Dobram",
de Sam Wood, adaptação de
Hemingway que Ingrid Bergman filmou logo depois, considerado um verdadeiro projeto
"classe A". De alguma forma, os
problemas da produção e as
tensões geradas pelos conflitos
no set trabalharam a favor do
filme, contribuindo, por exemplo, para a perfeita dose de romance e ironia que pontua o roteiro de forma certeira.
Poucas vezes se viu na tela,
também, um casal em tão fina
sintonia quanto Bogart e Bergman. São opostos absolutos
que, naquele contexto, sob a
iluminação altamente contrastada do fotógrafo Arthur Edeson (que imprimiu belas silhuetas em preto e branco) e ao
som da perfeita trilha de Max
Steiner, pareciam ter sido feitos um para o outro -ainda que
para viver um amor breve e impossível.
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