São Paulo, quinta-feira, 26 de março de 2009

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Coleção Folha destaca "Casablanca"

Com Humphrey Bogart e Ingrid Bergman, 2º título da compilação de clássicos do cinema chega às bancas no domingo

Livro que acompanha o DVD relata curiosidades do filme, que teve baixo orçamento e chegou a usar um avião de papelão na famosa cena final


DA REPORTAGEM LOCAL

Em meio à febre de listas de cinema, "Casablanca" é um campeão de citações. Na série de votações organizadas pelo American Film Institute no início dos anos 90, por exemplo, ele apareceu como o terceiro melhor filme já feito e o melhor romance de todos os tempos. Ganhou destaque ainda na lista das melhores canções ("As Time Goes By", claro) e na de frases inesquecíveis (nada menos que seis foram lembradas).
A constante aparição de "Casablanca" nos cânones cinematográficos é o mais forte indício de sua perenidade, mas é curioso observar como seu sucesso foi resultado muito mais de uma sucessão de pequenos acasos do que algo minuciosamente planejado. Esse é um dos muitos aspectos curiosos mencionados no livro que acompanha o filme, no segundo volume da Coleção Folha Clássicos do Cinema, disponível nas bancas a partir do próximo domingo, 29 de março.
Não que a Warner, estúdio que bancou a produção, desprezasse o projeto. Ao contrário. A escalação do diretor Michael Curtiz -húngaro que migrou para os EUA em 1926 e realizou mais de uma centena de filmes- e dos astros Humphrey Bogart e Ingrid Bergman são indícios de que era considerado um filme "classe A", como se dizia na época. Mesmo os papéis secundários foram preenchidos por atores de peso: Paul Henreid como Victor Laszlo, Peter Lorre como o vigarista Ugarte, Conrad Veidt como Major Strasser e Claude Rains, vencedor do Oscar de melhor ator coadjuvante, como o capitão Renault.
De resto, porém, a produção foi absolutamente rotineira, com um orçamento modesto para a época (US$ 950 mil) e um roteiro de confecção altamente atribulada, marcado, principalmente, por conflitos entre o diretor Michael Curtiz e Howard Coch. Para se ter uma ideia, nas filmagens da famosa cena final, rodada em estúdio, o avião em que Ilse (Bergman) foge com seu marido foi construído em papelão. E a famosa frase de Rick (Bogart) -"Esse é o começo de uma bela amizade"- foi dublada, depois de o filme estar pronto.
No entanto, "Casablanca" alcançou um sucesso muito maior do que, por exemplo, "Por Quem os Sinos Dobram", de Sam Wood, adaptação de Hemingway que Ingrid Bergman filmou logo depois, considerado um verdadeiro projeto "classe A". De alguma forma, os problemas da produção e as tensões geradas pelos conflitos no set trabalharam a favor do filme, contribuindo, por exemplo, para a perfeita dose de romance e ironia que pontua o roteiro de forma certeira.
Poucas vezes se viu na tela, também, um casal em tão fina sintonia quanto Bogart e Bergman. São opostos absolutos que, naquele contexto, sob a iluminação altamente contrastada do fotógrafo Arthur Edeson (que imprimiu belas silhuetas em preto e branco) e ao som da perfeita trilha de Max Steiner, pareciam ter sido feitos um para o outro -ainda que para viver um amor breve e impossível.


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