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Crítica
"Sem Destino" revela a inquietação de uma época
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Mais do que um título, "Sem
Destino" (TCM, 0h; 12 anos)
era um programa de vida,
quando foi lançado, em 1969.
Era, digamos, quase uma recomendação aos jovens: sair
pela estrada com uma mochila
nas costas, porque era lá que
estava a vida, não em casa.
De um modo ou de outro,
quase todo mundo na época
saiu. Uns foram ser guerrilheiros, outros, hippies.
Houve quem corresse a
América Latina até os Estados
Unidos, ou partisse da Europa
para a Índia.
Dito assim, parece ficção
científica. Não havia ainda câmeras de segurança mandando
as pessoas sorrirem nos elevadores porque estão sendo filmadas (e por que devemos sorrir quando filmados?).
Havia os beatniks, poetas rebeldes, que no fundo estavam
por trás do filme de Dennis
Hopper.
Havia uma mudança acontecendo no mundo todo que rebatia na incrível inquietação
dos jovens.
Outro dia, o poeta Roberto
Piva disse desse tempo: "Não
sobrou nada". Com efeito.
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