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QUADRINHOS
Trio de cartunistas lança hoje "Seis Mãos Bobas", coletânea de trabalhos conjuntos publicados nos anos 1980
Angeli, Glauco e Laerte recuperam parcerias
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL
Eles são "los três amigos", a trinca que ajudou a redefinir o cartum brasileiro de humor na década de 1980, nas páginas de revistas
como "Chiclete com Banana" e
"Geraldão", pela Circo Editorial.
Hoje, o trio formado por Angeli,
Laerte e Glauco volta ao centro do
picadeiro, desta vez literalmente,
para lançar "Seis Mãos Bobas"
(ed. Devir e Jacaranda, 80 págs.,
R$ 23), livro que reúne parcerias
dos três na década de 80. A festa
dos autógrafos acontece no circo
Zanni, na rua Augusta, em São
Paulo, a partir das 20h.
A obra reúne 17 histórias e cartuns criados a seis ou quatro
mãos, em todas as combinações
possíveis a partir dos três elementos. São trabalhos publicados entre 1986 e 1989 nas já citadas "Chiclete" e "Geraldão", representantes do humor paulistano -enquanto a "Casseta Popular" e "O
Planeta Diário", depois "Casseta
& Planeta", faziam papel semelhante no Rio.
Angeli, Glauco e Laerte (todos
colaboradores da Folha) também
relembram, em uma ótima entrevista a Toninho Mendes (editor
da Circo), publicada no final do livro, como cada uma das histórias
surgiu. As explicações elucidam
muito do processo criativo da
trinca de amigos.
Humor pós-ditadura
"Tinha uma coisa de equilíbrio
entre nós três", explica Laerte, em
entrevista à Folha. "O Angeli tem
um espírito ordeiro e estrutural,
apesar de ser um cara bastante
louco; o Glauco tem essa coisa da
"demência" dele, que proporciona
sacadas absurdas, que a gente jamais teria sozinhos; e eu, não sei,
também tenho algum papel nisso,
principalmente na parte de desenhar as histórias, de compô-las."
O trio já se conhecia e tinha uma
carreira bem rodada por salões de
humor e jornais quando começou
a publicar nas revistas da Circo
-"Chiclete com Banana" surgiu
em 1985; "Geraldão" é de 1987; em
1990, viria a "Piratas do Tietê".
A época era a do primeiro governo civil pós-ditadura, o de José
Sarney (1985-1990). A barbárie da
repressão militar começava a virar história, apesar de a censura
ainda existir (como bem ironiza
uma das histórias do livro, feita
por Laerte e Glauco). Sexo, palavrões, crítica social e ao governo
ganhavam novos patamares com
a liberdade.
Laerte também enxerga um outro ângulo na questão: "O que me
parece mais evidente é a libertação que tivemos em relação àquela necessidade de combater a ditadura, de tomar partido e se aliar
pró-democracia. A abertura trouxe a possibilidade de as pessoas
serem mais interessantes, nos
permitiu meter o pau em gente
que antes estava do nosso lado. Isso abriu outras frentes", explica.
Para quem não teve a chance de
ler os originais, "Seis Mãos Bobas" é uma boa introdução ao
melhor humor da época. Para os
(muitos) fãs de então, fica a oportunidade de relembrar pérolas como a saga do Descobrimento do
Brasil recontada causticamente
por Glauco e Laerte; ou as piadas
sobre suingues e surubas escritas
por Angeli e Glauco. Enfim, uma
retrospectiva de parte dos anos
1980 que é, de fato, memorável.
Lançamento de "Seis Mãos Bobas"
Quando: hoje, às 20h
Onde: Circo Zanni (r. Augusta, 344,
centro, São Paulo)
Quanto: grátis
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