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Crítica
"Amores Brutos" mostra pobreza meio pernóstica
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Alejandro González Iñárritu
gosta de histórias em que várias
histórias paralelas se encontram, de preferência a partir de
acidentes, e não necessariamente em sincronia paralela.
Iñárritu não cultiva a herança melodramática do cinema
mexicano nem as comédias.
Seus filmes parecem dever bem
mais a Quentin Tarantino. São
sérios e também violentos, como "Amores Brutos" (Telecine Cult, 22h), em que, se podemos buscar um centro, talvez
ele seja as lutas de cachorros.
Mas o deslocamento do espectador é ao menos em parte
o fundamento de seus filmes.
No caso de "Amores Brutos",
há também a pobreza (e o contraste com a riqueza, bem entendido). Não a pobreza íntegra que vitimava Pedro Armendáriz nos melôs românticos de
Emilio Fernandez. Trata-se de
uma pobreza realista, sem
charme, com pessoas se decompondo à nossa frente. O
charme, ao menos para quem é
tocado por ele, vem da construção. Que a mim, francamente,
parece apenas meio pernóstica.
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