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TELEVISÃO
Crítica
"Johnny" é verossímil, mas não verdadeiro
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
A célebre frase que fecha "M,
o Vampiro de Dusseldorf" poderia muito bem se aplicar a
"Meu Nome Não É Johnny"
(TC Pipoca, 20h; não recomendado a menores de 14 anos). Inserida no filme para deixar a
censura feliz, ela é proferida
por uma mãe enlutada: "Nós
também precisamos cuidar
mais dos nossos filhos".
É isso, em linhas gerais, o que
pretende dizer o nosso
"Johnny". Como quase todos
os filmes brasileiros de sucesso
nos últimos anos, este também
pretende mostrar algo que inquieta o espectador (hoje, um
ser da classe média para
cima), que acontece e, no entanto, permanece fechado a
seu conhecimento.
No caso de "Cidade de Deus",
por exemplo, eram os marginais da favela (quando se mostram os não marginais, mesmo
que se tornem vítimas, o filme
não emplaca). No caso de
"Johnny", são as drogas.
Do que trata o filme: como
alguém que tem dinheiro, formação etc. etc. se torna um viciado? O curioso, no caso, é
que, para o filme dar certo (isto
é: dar público), ele não pode
oferecer respostas verdadeiras.
Elas têm de ser plausíveis e
capazes de nos tranquilizar
(ah, tudo vai correr bem, pois
não deixamos nosso rapaz sozinho e tal). As respostas têm de
ser, em uma palavra, verossímeis, não verdadeiras. Têm de
ser "baseadas num caso real",
mas não reais. Isto é, têm de ser
que nem o filme (e se o ator,
Selton Mello, é ótimo, tanto
melhor).
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