São Paulo, domingo, 26 de abril de 2009

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"Grande Hotel" é o próximo volume da Coleção Folha

Vencedor do Oscar de melhor filme em 1932, longa serviu como veículo para algumas das maiores estrelas da época

Com Greta Garbo no papel de bailarina, filme mostra um hotel de luxo, com histórias românticas, cômicas e maliciosas


DA REPORTAGEM LOCAL

"Grande Hotel", sétimo volume da Coleção Folha Clássicos do Cinema, foi concebido pelo lendário produtor Irving G. Thalberg como um "all star vehicle", ou seja, veículo para reunir em um filme algumas das maiores estrelas do cinema americano nos anos 30.
Quando "Grande Hotel" foi lançado, em 1932, Thalberg tinha 33 anos e era considerado o menino-prodígio da indústria. Se Louis B. Mayer era o poderoso chefão da MGM, Thalberg era o homem do dia-a-dia, responsável pelo controle da produção de cada filme.
A gênese se deu em 1929, quando Vicki Baum, que havia trabalhado como camareira em luxuosos hotéis de Berlim, publicou na Alemanha um livro sobre suas experiências. Thalberg leu a sinopse antes de o romance ser traduzido para o inglês. Mas os direitos já haviam sido comprados para se tornar um espetáculo da Broadway. O produtor, então, convenceu a MGM a cofinanciar a montagem teatral e garantir os direitos para o cinema, o que custou ao estúdio, ao todo, US$ 35 mil. A única condição era de que o filme estreasse 15 meses após a estreia da peça.
O faro de Thalberg se confirmou. A descrição dos bastidores de um hotel de luxo, com histórias românticas, cômicas e maliciosas nas quais se cruzam clientes e funcionários encontrou grande aceitação do público e, só com o sucesso da produção teatral, a MGM recuperou seus investimentos.
A peça ficou dois anos em cartaz e teve mais de 257 encenações. Thalberg deu início, então, à produção do filme, escalando a maior estrela do cinema na época, Greta Garbo, para viver a excêntrica bailarina Grusinkaya. O roteiro mantém um grande "suspense" para a entrada triunfal de Garbo, que só se dá aos 20 minutos de projeção. E é neste filme que a atriz diz a famosa frase "I want to be alone" ("quero ficar só", ou, em tradução menos literal, "me deixem em paz").
A estrutura do roteiro, fragmentado e com vários personagens de peso, permitia a contratação de um elenco múltiplo. Além de Garbo, o estúdio escalou Joan Crawford, com o cuidado de que as duas não contracenassem -pois nada podia ofuscar Garbo. Também fazem parte os irmãos John e Lionel Barrymore, considerados dois dos melhores atores da época; Wallace Berry, que havia feito sucesso um ano antes com "O Campeão", de King Vidor, e Lewis Stone, ator com o contrato mais longo da história da MGM (de 1924 a 1953).
"Grande Hotel" é um caso único na história do Oscar: foi indicado apenas como melhor filme e ganhou o prêmio. Trata-se, afinal, do típico "filme de produtor", além de um dos exemplos máximos do modo de operação do "star system" hollywoodiano. Não por acaso, os nomes de Garbo e Thalberg são muito mais lembrados por este filme do que seu diretor, Edmund Golding.


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