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Crítica
Murilo Salles faz da vida de escritora um ato público
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Não que me comova muito a personagem de "Nome Próprio" (Canal Brasil, 22h; 18 anos). O que me interessa, no caso, é esta necessidade de exteriorizar, de transformar sua vida num ato público e, se possível, artístico.
Ou seja, a personagem deste filme só o é porque se constitui personagem, se outorga esse papel, sofre com ele, é capaz de morrer por ele: isso, sim, comove o espectador.
É uma espécie de madame Bovary corroída não por desejos caóticos, mas pela própria literatura e pelos desejos que instaura.
Disso resulta o que me parece ser o melhor filme do diretor Murilo Salles desde sua estreia, com "Nunca Fomos Tão Felizes", de 1984.
Desta vez, o cineasta pegou um assunto atual: os blogs, sua propagação, o papel de romper com certa burocracia literária, mas também de reencontrar o sentido da escrita (e da leitura, espera-se).
Quem faz a jovem e torturada escritora é Leandra Leal, atriz que serve aos filmes em que trabalha.
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