São Paulo, segunda-feira, 26 de abril de 2010 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Courtney Love volta ao disco cansada e distante
Folha assiste nos EUA a show inaugural da turnê do novo álbum da banda Hole
FERNANDA EZABELLA EM LOS ANGELES Courtney Love está cansada e nem se passaram 15 minutos de show. "Como vocês moram aqui e não ficam cansados?", ela pergunta, respirando fundo, para as 1.200 pessoas na plateia lotada de um antigo teatro em Hollywood, com grandes figuras de Bosch pintadas pelas paredes e no teto. O show em Los Angeles (EUA), na quinta-feira passada, estreou a turnê nos EUA para o lançamento do álbum "Nobody's Daughter", o primeiro da banda Hole em mais de 10 anos, ainda que Love seja o único membro original do grupo, agora composto por rapazes. Aos 45 anos, Love parece mais velha, com um sorriso falso, maltratado por cirurgias plásticas. O cabelo loiro comportado, de franjinha e na altura do ombro, em nada lembra a rock star pela qual Kurt Cobain e outros roqueiros se apaixonaram nos anos 90. "Vocês gostam de "Samantha'? Então fiquem quietinhos porque ela é bem difícil de tocar", avisa Love, de guitarra em punho, antes de cantar uma das músicas novas do álbum, do qual também tocou "Skinny Little Bitch" e "Pacific Coast Highway". Cantando de olhos fechados, ela perde um fã tatuado que tira a camisa e se joga do palco para a plateia. Também não vê um agasalho (ou seria uma calça?!) que voa em sua direção e passa de raspão. Courtney Love realmente não está lá. E essa sensação é estranha para uma artista que não se cansa de fazer manchetes em sites de fofocas. Na sua conta no microblog Twitter, ela costuma desmentir rumores e falar com fãs. "Vou fazer alguns gagas [referência à cantora pop Lady Gaga] na passagem de som e te aviso se isso traduzir bem para o rock", ela escreveu no dia do show, embora não tenha feito nenhum Gaga cover. "Fico um pouco cansada. Todos na minha banda estão com 20 e poucos anos, e eu não", comentou no mesmo dia. "Oh Deus, o que vou vestir hoje à noite, estou nervosa, normalmente não fico. É estranho, estou ficando cansada." Dos 90 minutos esperados de show, a banda fez só 50 minutos, incluindo dois bis e uma troca de roupa. Love trocou a saia de tutu azul e o top prata por um tubinho vermelho. Cantou duas vezes a mesma música dos Rolling Stones, "Sympathy for the Devil". E quase encheu os fãs de alegria ao tocar hits antigos e mostrar certa vibração roqueira do passado, com "Malibu", "Violet", "Miss World" e uma versão acústica de "Northern Star". Numa dessas, no entanto, se atrapalhou com um fone de ouvido, cantou como um robô e até pediu desculpas ao final. Em outra, esqueceu os acordes e pediu ajuda ao guitarrista. "Calem a boca", falou à plateia, meio rindo, enquanto tentava lembrar a posição dos dedos. "Amo e odeio vocês ao mesmo tempo." Texto Anterior: Luiz Felipe Pondé: Sade de batina? Próximo Texto: Crítica/"Nobody's Daughter": Álbum decepciona com 11 canções esquecíveis Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |