São Paulo, segunda-feira, 26 de abril de 2010

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Courtney Love volta ao disco cansada e distante

Folha assiste nos EUA a show inaugural da turnê do novo álbum da banda Hole

Há dez anos sem lançar novo trabalho, grupo reflete tédio da ex de Kurt Cobain, que, aos 45 anos, brinca de amor e ódio com a plateia

Josh Haner - 19.mar.10/"NewYork Times"
Courtney Love se apresenta com sua banda,Hole, durante festival no Texas, no mês passado

FERNANDA EZABELLA
EM LOS ANGELES

Courtney Love está cansada e nem se passaram 15 minutos de show. "Como vocês moram aqui e não ficam cansados?", ela pergunta, respirando fundo, para as 1.200 pessoas na plateia lotada de um antigo teatro em Hollywood, com grandes figuras de Bosch pintadas pelas paredes e no teto.
O show em Los Angeles (EUA), na quinta-feira passada, estreou a turnê nos EUA para o lançamento do álbum "Nobody's Daughter", o primeiro da banda Hole em mais de 10 anos, ainda que Love seja o único membro original do grupo, agora composto por rapazes.
Aos 45 anos, Love parece mais velha, com um sorriso falso, maltratado por cirurgias plásticas. O cabelo loiro comportado, de franjinha e na altura do ombro, em nada lembra a rock star pela qual Kurt Cobain e outros roqueiros se apaixonaram nos anos 90.
"Vocês gostam de "Samantha'? Então fiquem quietinhos porque ela é bem difícil de tocar", avisa Love, de guitarra em punho, antes de cantar uma das músicas novas do álbum, do qual também tocou "Skinny Little Bitch" e "Pacific Coast Highway".
Cantando de olhos fechados, ela perde um fã tatuado que tira a camisa e se joga do palco para a plateia. Também não vê um agasalho (ou seria uma calça?!) que voa em sua direção e passa de raspão. Courtney Love realmente não está lá.
E essa sensação é estranha para uma artista que não se cansa de fazer manchetes em sites de fofocas. Na sua conta no microblog Twitter, ela costuma desmentir rumores e falar com fãs.
"Vou fazer alguns gagas [referência à cantora pop Lady Gaga] na passagem de som e te aviso se isso traduzir bem para o rock", ela escreveu no dia do show, embora não tenha feito nenhum Gaga cover.
"Fico um pouco cansada. Todos na minha banda estão com 20 e poucos anos, e eu não", comentou no mesmo dia. "Oh Deus, o que vou vestir hoje à noite, estou nervosa, normalmente não fico. É estranho, estou ficando cansada."
Dos 90 minutos esperados de show, a banda fez só 50 minutos, incluindo dois bis e uma troca de roupa. Love trocou a saia de tutu azul e o top prata por um tubinho vermelho.
Cantou duas vezes a mesma música dos Rolling Stones, "Sympathy for the Devil". E quase encheu os fãs de alegria ao tocar hits antigos e mostrar certa vibração roqueira do passado, com "Malibu", "Violet", "Miss World" e uma versão acústica de "Northern Star".
Numa dessas, no entanto, se atrapalhou com um fone de ouvido, cantou como um robô e até pediu desculpas ao final. Em outra, esqueceu os acordes e pediu ajuda ao guitarrista.
"Calem a boca", falou à plateia, meio rindo, enquanto tentava lembrar a posição dos dedos. "Amo e odeio vocês ao mesmo tempo."


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