São Paulo, terça-feira, 26 de abril de 2011 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Concerto arquitetônico Autor do projeto da Cidade da Música , Christian de Portzamparc critica arquitetura triste de bairros do Rio
MARCELO BORTOLOTI DO RIO O franco-marroquino Christian de Portzamparc, 66, é um dos grandes nomes da arquitetura mundial. Primeiro na França a receber o Pritzker, em 1994, é autor de projetos como a Cidade da Música de Paris e a sede da Filarmônica de Luxemburgo. Sua ligação com o Brasil é estreita. Casado com uma arquiteta brasileira, seu filho estuda cinema em São Paulo. Em 2002, Portzamparc foi convidado pelo ex-prefeito do Rio, Cesar Maia, para projetar a Cidade da Música, com custo superior a R$ 500 milhões e que ainda não ficou pronto. A lentidão da obra e a acusação de exagero no projeto levaram o arquiteto a prestar esclarecimentos na CPI da Cidade da Música, na Câmara de Vereadores do Rio, em 2008. Ele não foi considerado suspeito. Agora, com a promessa do prefeito Eduardo Paes de terminar a obra até julho, se diz gratificado. Folha - O senhor se arrepende de ter participado do projeto da Cidade da Música? Christian de Portzamparc - Não, sabia que era um projeto de risco. O ex-prefeito Cesar Maia pediu um cronograma curto. Fizemos um grande esforço para minimizar os custos, mas, se o gasto foi enorme, não tem a ver com meu contrato, que foi apenas para fazer o projeto e controlar a qualidade na execução. O senhor não achou a obra excessivamente cara? O preço anunciado antes das obras era baixo, depois não soubemos nada sobre concorrências e tomadas de preços. É difícil comparar com padrões internacionais. Sei que foi uma das mais caras que já fiz, mas também uma das maiores. É uma das mais complicadas? Há dois projetos na França que foram muito complicados também. Um deles foi a Cidade da Música de Paris, que demorou 11 anos e passou por problemas de orçamento, entre outros. Em Rennes, fiz com Elizabeth, minha esposa, um museu-biblioteca que levou 14 anos para ser construído, com paralisação das obras e contestação das contas. Não considero a obra no Rio a mais difícil nem especialmente complicada, mas foi penoso fazer tudo em grande velocidade e, no terceiro ano, tudo lentamente. Projetos públicos costumam ter complicações. É ruim para o dinheiro público, mas são símbolos públicos e por isso são importantes. Qual a importância da obra para o Rio? A Cidade da Música é o projeto do meu coração e foi inspirado pela presença do Rio no nosso imaginário. A Barra da Tijuca é um grande bairro que não tem símbolo público nem ponto de referência. Essa obra será um símbolo para a Barra. O Rio tem uma imagem boa, mas não se renova e se transforma com o dinamismo de São Paulo. A cidade está um pouco adormecida e precisa de energia nova. Algumas pessoas me dizem como provocação que o projeto deveria ser para São Paulo, onde há público sofisticado e dinheiro. Acho que não é verdade. Muitos artistas produzem em São Paulo mas gostam de viver no Rio. Texto Anterior: Mônica Bergamo Próximo Texto: Raio-X: Christian de Portzamparc Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |