São Paulo, sábado, 26 de abril de 1997.

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PATRIMÔNIO
Cosette Alves assume Amigos da Cinemateca

Eduardo Knapp/Folha Imagem
A empresária Cosette Alves, que assume a presidência da Sociedade Amigos da Cinemateca, entidade que capta recursos para a Cinemateca Brasileira junto à iniciativa privada


da Redação

Algumas semanas atrás, a empresária Cosette Alves decidiu aceitar um convite que vinha sendo feito havia pelo menos um ano.
No último dia 16 de abril, em cerimônia discreta no escritório do empresário Roberto Teixeira da Costa (Banco Sul América), assumiu a presidência da Sociedade Amigos da Cinemateca (SAC).
A entidade, sem fins lucrativos, foi criada em 1962 com a função, entre outras, de captar recursos para a Cinemateca Brasileira junto à iniciativa privada.
A Cinemateca Brasileira, com sede no antigo Matadouro Municipal, na Vila Mariana (zona sul de São Paulo), e sala de exibição em Pinheiros (zona oeste), é a principal instituição pública brasileira de preservação da memória cinematográfica (leia quadro abaixo).
Para formar a nova diretoria da SAC, Cosette Alves convidou nomes do peso do publicitário Ricardo Freire (Propaganda Registrada), dos empresários Ivo Rosset (Rosset) e Leo Kryss (Evadin) e do jornalista Matinas Suzuki Jr., do Conselho Editorial da Folha.
Tem ainda como conselheiros os empresários Fernando Sampaio Ferreira (ex-Bombril) e Marcos Arbaitman (ex-Hebraica).
Razões
A razão de o convite ter sido feito a Cosette Alves passa por seu pouco conhecido lado cinéfilo -ela mantém em sua casa, no Jardim América, em São Paulo, um acervo particular de cerca de 4.000 fitas em VHS, com títulos interessantes, obras principalmente do cinema brasileiro dos anos 30 a 60 -entre elas "O Cangaceiro" (1953), de Lima Barreto.
A empresária paulista define sua tarde ideal como uma sucessão de sessões de cinema com um saco de pipocas na mão. "Costumo falar que, quando criança, a gente aprende a filmar antes de pronunciar as primeiras palavras", diz.
Mas o motivo principal certamente tem a ver com os três itens que se seguem:
1. Cosette Alves é uma empresária de sucesso. Manteve o controle acionário da rede de lojas de departamento Mappin entre 1982 e 1996, quando o vendeu ao empresário Ricardo Mansur.
Durante a gestão de Cosette, a empresa cresceu de três para 12 lojas e expandiu sua área de vendas de 21.740 metros quadrados para 91.384 metros quadrados. O faturamento do Mappin em 1995, um ano antes da venda do controle a Mansur, foi de R$ 1 bilhão.
2. A empresária reuniu, rapidamente, o que seria um "dream team" de conselheiros para qualquer empresa. E a Cinemateca não é qualquer empresa, mas uma instituição pública com muitas atribuições e apertado orçamento anual de R$ 500 mil.
3. Essa gente toda tem capacidade de pensar soluções e -principalmente os empresários- abrir portas fechadas e amolecer os duros corações de seus pares quanto a patrocínios.
Prioridades
Agora, com o apoio da diretora-executiva, Tania Savietto, e do presidente do conselho, Thomaz Farkas, ambos da Cinemateca, a Sociedade dos Amigos da Cinemateca tem prioridades.
Entre elas, obter o dinheiro que falta para a construção de um depósito climatizado no Matadouro (custo estimado em R$ 600 mil) e para a recuperação do próprio Matadouro (cerca de R$ 800 mil).

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