São Paulo, sexta-feira, 26 de maio de 2000


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POLÊMICA
Produtor acusa presidente da estatal de não manter sigilo sobre a auditoria no contrato de seu documentário
Barreto diz que vai processar Embratur

MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA

O produtor Luiz Carlos Barreto diz que vai processar o presidente da Embratur, Caio Luiz de Carvalho, por desconfiar que ele deixou vir a público a informação de que uma auditoria está sendo feita em um contrato firmado entre sua produtora e o Ministério do Esporte e Turismo.
Barreto foi contratado pelo ministério para fazer um curta-metragem de R$ 430 mil sobre os festejos dos 500 anos. O documentário, dirigido por seu filho, Fábio Barreto, tem 20 minutos.
A Folha publicou anteontem que o preço foi considerado um exagero. Curtas são feitos no Brasil com orçamentos bem menores, de cerca de R$ 120 mil. O filme produzido por Barreto será exibido apenas em TVs educativas.
Barreto diz que ficou "emocionalmente arrasado" com a publicação. "Jamais fui acusado, em toda a vida, de falta de correção." Além do contrato de Barreto, a Embratur mandou examinar os sete trabalhos contratados pelo ministério para os 500 anos.
O produtor defende o filme e o preço cobrado. "Posso fazer um curta-metragem por R$ 30 mil, com apenas três pessoas. Mas não fiz um documentário amador. Filmei sete horas, em película, imagens que farão parte de um banco de dados e que poderão ser usadas daqui a 50 anos. Trabalharam 17 pessoas, com equipamentos de última geração."
O filme vai ser finalizado nos Estados Unidos. Segundo o produtor, o que é bom, é caro. "Quando fiz "Dona Flor e Seus Dois Maridos", produções eram feitas no Brasil com US$ 250 mil. Eu gastei US$ 700 mil. Coloco qualidade no que faço. Existe uma diferença entre uma coisa semi-amadora e outra de qualidade excepcional", diz.
"Se você contrata o chefe do botequim da esquina para cozinhar, paga R$ 10. Se contrata o chefe do Fasano (um dos restaurantes mais caros de São Paulo), paga R$ 100 mil. O governo queria um filme de qualidade e contratou o maior produtor do Brasil."
Barreto diz que o orçamento para o filme foi aprovado pela Secretaria de Comunicação de Governo. "Apresentei um orçamento até maior, de R$ 500 mil. Eles pediram para abaixar, e eu concordei, cortando equipes."
Ele não acha justo que, com o filme já pronto, o preço seja questionado. "A Embratur que acuse a secretaria de incompetente. Eu apenas fiz o meu trabalho."
Caio Luiz de Carvalho, da Embratur, diz que "não há motivo" para tanta irritação. "Não há desconfiança em relação ao Barreto. Ordenei as auditorias porque a polêmica gerada em torno das festas dos 500 anos exige transparência sobre o dinheiro gasto. Não há nada de pessoal na decisão."


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