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Baseado em Guimarães Rosa, "Mutum" agrada ao público
DA ENVIADA A CANNES
O encontro que a diretora
brasileira Sandra Kogut teve
com o público, ontem, em Cannes, começou com o diretor-artístico da 39ª Quinzena dos
Realizadores, Olivier Père, dizendo por que escolheu "Mutum", primeiro longa de ficção
de Kogut, para encerrar a mostra, que é paralela ao festival.
"Achamos esse filme original
em relação ao cinema brasileiro. É poético. Tem uma escritura de luz, de som, de fotografia.
É atípico na sua proposta de cinema impressionista."
Mas Père nem precisava dar
explicações. O público que
acompanhou a primeira sessão
de "Mutum", pela manhã, saiu
do cinema usando adjetivos como "magnífico".
"Mutum" é baseado no livro
"Manuelzão e Miguilim", de
João Guimarães Rosa.
A platéia perguntou a razão
de o filme ter esse nome. "Mutum é um lugar imaginário [onde se passa a história], ao mesmo tempo estranho, enigmático e bizarro. Acho que isso exprime o sentimento que o garoto [protagonista] tem em relação à sua infância -a de que ele
sente o mundo, mas não o compreende", disse Kogut.
A diretora contou que "adorava esse livro e achava-o muito
cinematográfico, por contar o
mundo interior de um menino,
mas nem pensava em adaptá-lo, porque é de um escritor
muito conhecido no Brasil".
À espectadora que indagou
quando o livro foi escrito e se a
miséria vista é a realidade atual
Kogut respondeu que também
se fez essa pergunta no início
do projeto, porque "queria fazer um filme contemporâneo"
e disse que, ao percorrer o sertão mineiro, viu que, "fundamentalmente, a situação é a
mesma que existia em 1956".
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