São Paulo, sábado, 26 de maio de 2007

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Baseado em Guimarães Rosa, "Mutum" agrada ao público

DA ENVIADA A CANNES

O encontro que a diretora brasileira Sandra Kogut teve com o público, ontem, em Cannes, começou com o diretor-artístico da 39ª Quinzena dos Realizadores, Olivier Père, dizendo por que escolheu "Mutum", primeiro longa de ficção de Kogut, para encerrar a mostra, que é paralela ao festival.
"Achamos esse filme original em relação ao cinema brasileiro. É poético. Tem uma escritura de luz, de som, de fotografia. É atípico na sua proposta de cinema impressionista."
Mas Père nem precisava dar explicações. O público que acompanhou a primeira sessão de "Mutum", pela manhã, saiu do cinema usando adjetivos como "magnífico".
"Mutum" é baseado no livro "Manuelzão e Miguilim", de João Guimarães Rosa.
A platéia perguntou a razão de o filme ter esse nome. "Mutum é um lugar imaginário [onde se passa a história], ao mesmo tempo estranho, enigmático e bizarro. Acho que isso exprime o sentimento que o garoto [protagonista] tem em relação à sua infância -a de que ele sente o mundo, mas não o compreende", disse Kogut.
A diretora contou que "adorava esse livro e achava-o muito cinematográfico, por contar o mundo interior de um menino, mas nem pensava em adaptá-lo, porque é de um escritor muito conhecido no Brasil".
À espectadora que indagou quando o livro foi escrito e se a miséria vista é a realidade atual Kogut respondeu que também se fez essa pergunta no início do projeto, porque "queria fazer um filme contemporâneo" e disse que, ao percorrer o sertão mineiro, viu que, "fundamentalmente, a situação é a mesma que existia em 1956".


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