São Paulo, terça-feira, 26 de junho de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ARTES PLÁSTICAS

O suíço Tschumi e o japonês Isozaki participam da disputa

Arquitetos estrangeiros concorrem para novo MAC

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

A nova sede do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC), no bairro da Água Branca, pode ser construída a partir do projeto de um arquiteto estrangeiro. O japonês Arata Isozaki e o suíço Bernard Tschumi já aceitaram participar da concorrência que o museu está promovendo.
Dois brasileiros foram também convidados: Paulo Mendes da Rocha e Eduardo de Almeida. O novo museu será construído num terreno de cerca de 5.000 m2, na avenida Francisco Matarazzo, junto ao viaduto Antártica, região noroeste de São Paulo. Segundo as normas da concorrência, o museu deve ter uma área total de 12 mil m2.
Há duas semanas, Isozaki esteve em São Paulo para conhecer o local do novo museu. Como bom japonês, fez muitas fotos e ficou apenas 20 horas na cidade.
Um pouco mais longa foi a visita do suíço. Tschumi passou o último fim de semana por São Paulo. O arquiteto chegou na sexta, conheceu a atual sede do museu, voou para Brasília no sábado para conferir a obra de Niemeyer e, no domingo, sobrevoou São Paulo de helicóptero por 45 minutos. Voltou a Nova York, onde vive, na noite do domingo.
Antes, concedeu uma entrevista, com exclusividade, para a Folha. "Sinto-me extasiado, sei reconhecer o código genético de Brasília, mas ainda não decodifiquei São Paulo", contou Tschumi.
"O lugar onde deve ser construído o museu é absolutamente contemporâneo, ao lado de uma estrada de ferro, um viaduto e um shopping center! Não falta nada", afirmou.
O arquiteto é reconhecido especialmente por ter projetado, em 1982, o parque La Villette, em Paris. Em 1997, ficou em terceiro lugar na competição para a extensão do Museu de Arte Moderna de Nova York. Concorreram 400 escritórios de todo o mundo.
No domingo, Tschumi encontrou-se com um de seus concorrentes, Eduardo de Almeida, na casa de Eumira Nogueira Batista, presidente da Associação de Amigos do MAC, que organiza a construção do museu. "Esperamos que a vinda dos estrangeiros contribua para o debate sobre arquitetura na cidade", disse Batista.
Esteve também presente ao encontro Jorge Wilheim, secretário municipal de Planejamento Urbano, entusiasmado com a possibilidade da intervenção de arquitetos estrangeiros na cidade. "São Paulo precisa se qualificar, a presença de grande nomes pode ajudar; a prefeitura irá lançar licitações internacionais para a construção de obras públicas em breve", conta o secretário.
O terreno na Água Branca foi cedido pela gestão anterior, resultado de uma operação urbana. Wilheim conta que em breve será oficializada a concessão.
A região já conta com dois espaços culturais projetados por ícones da arquitetura brasileira: o Memorial da América Latina, de Oscar Niemeyer, e o Sesc Pompeia, de Lina Bo Bardi. "É uma imensa responsabilidade e um grande desafio", conta Almeida. O arquiteto brasileiro ganhou menção honrosa em 1997, ao concorrer para a construção do museu do colecionador Eduardo Costantini, em Buenos Aires. "Foi o único brasileiro a ganhar uma menção, por isso foi um dos indicados", conta Teixeira Coelho, diretor do MAC.
O processo de escolha do arquiteto tem o patrocínio do Ministério da Cultura. Os quatro concorrentes devem entregar os projetos até o dia 5 de julho. Estão sendo definidos os membros da comissão julgadora. Em agosto, o resultado deve ser anunciado. Aí começa o próximo passo: a busca de patrocínio para a construção do museu. Os custos estão estimados em cerca de US$ 35 milhões, 10% do que se pretende gastar com o Guggenheim no Rio de Janeiro.



Texto Anterior: Vida Bandida - Voltaire de Souza: Classe
Próximo Texto: Música: Gigante Chucho Valdés toca em SP
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.