|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ARTES PLÁSTICAS
O suíço Tschumi e o japonês Isozaki participam da disputa
Arquitetos estrangeiros concorrem para novo MAC
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
A nova sede do Museu de Arte
Contemporânea da Universidade
de São Paulo (MAC), no bairro da
Água Branca, pode ser construída
a partir do projeto de um arquiteto estrangeiro. O japonês Arata
Isozaki e o suíço Bernard Tschumi já aceitaram participar da concorrência que o museu está promovendo.
Dois brasileiros foram também
convidados: Paulo Mendes da Rocha e Eduardo de Almeida. O novo museu será construído num
terreno de cerca de 5.000 m2, na
avenida Francisco Matarazzo,
junto ao viaduto Antártica, região
noroeste de São Paulo. Segundo
as normas da concorrência, o museu deve ter uma área total de 12
mil m2.
Há duas semanas, Isozaki esteve
em São Paulo para conhecer o local do novo museu. Como bom
japonês, fez muitas fotos e ficou
apenas 20 horas na cidade.
Um pouco mais longa foi a visita do suíço. Tschumi passou o último fim de semana por São Paulo. O arquiteto chegou na sexta,
conheceu a atual sede do museu,
voou para Brasília no sábado para
conferir a obra de Niemeyer e, no
domingo, sobrevoou São Paulo
de helicóptero por 45 minutos.
Voltou a Nova York, onde vive, na
noite do domingo.
Antes, concedeu uma entrevista, com exclusividade, para a Folha. "Sinto-me extasiado, sei reconhecer o código genético de Brasília, mas ainda não decodifiquei
São Paulo", contou Tschumi.
"O lugar onde deve ser construído o museu é absolutamente contemporâneo, ao lado de uma estrada de ferro, um viaduto e um
shopping center! Não falta nada",
afirmou.
O arquiteto é reconhecido especialmente por ter projetado, em
1982, o parque La Villette, em Paris. Em 1997, ficou em terceiro lugar na competição para a extensão do Museu de Arte Moderna
de Nova York. Concorreram 400
escritórios de todo o mundo.
No domingo, Tschumi encontrou-se com um de seus concorrentes, Eduardo de Almeida, na
casa de Eumira Nogueira Batista,
presidente da Associação de Amigos do MAC, que organiza a construção do museu. "Esperamos
que a vinda dos estrangeiros contribua para o debate sobre arquitetura na cidade", disse Batista.
Esteve também presente ao encontro Jorge Wilheim, secretário
municipal de Planejamento Urbano, entusiasmado com a possibilidade da intervenção de arquitetos estrangeiros na cidade. "São
Paulo precisa se qualificar, a presença de grande nomes pode ajudar; a prefeitura irá lançar licitações internacionais para a construção de obras públicas em breve", conta o secretário.
O terreno na Água Branca foi
cedido pela gestão anterior, resultado de uma operação urbana.
Wilheim conta que em breve será
oficializada a concessão.
A região já conta com dois espaços culturais projetados por ícones da arquitetura brasileira: o
Memorial da América Latina, de
Oscar Niemeyer, e o Sesc Pompeia, de Lina Bo Bardi. "É uma
imensa responsabilidade e um
grande desafio", conta Almeida.
O arquiteto brasileiro ganhou
menção honrosa em 1997, ao concorrer para a construção do museu do colecionador Eduardo
Costantini, em Buenos Aires. "Foi
o único brasileiro a ganhar uma
menção, por isso foi um dos indicados", conta Teixeira Coelho, diretor do MAC.
O processo de escolha do arquiteto tem o patrocínio do Ministério da Cultura. Os quatro concorrentes devem entregar os projetos
até o dia 5 de julho. Estão sendo
definidos os membros da comissão julgadora. Em agosto, o resultado deve ser anunciado. Aí começa o próximo passo: a busca de
patrocínio para a construção do
museu. Os custos estão estimados
em cerca de US$ 35 milhões, 10%
do que se pretende gastar com o
Guggenheim no Rio de Janeiro.
Texto Anterior: Vida Bandida - Voltaire de Souza: Classe Próximo Texto: Música: Gigante Chucho Valdés toca em SP Índice
|