São Paulo, sábado, 26 de junho de 2010

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Fundador do Arena reinterpreta Brecht

Aos 84 anos, José Renato busca carga melodramática do dramaturgo na peça "Santa Joana dos Matadouros"

"Estruturas do autor são narrativas e didáticas, mas não se pode chegar a elas sem passar pela emoção"

RODOLFO LUCENA
EDITOR DE TEC

José Renato é parte da história do teatro no Brasil. Nascido em 1926, formou-se na Escola de Arte Dramática de São Paulo e foi um dos fundadores do Teatro de Arena, onde dirigiu "Eles Não Usam Black-Tie". Aos 84 anos, ele dirige "Santa Joana dos Matadouros", de Bertolt Brecht, em cartaz até amanhã no teatro Denoy de Oliveira, em São Paulo. Nesta entrevista, comenta seu trabalho atual.

 

Folha - Como está sendo a experiência com um grupo jovem e pouco experiente?
José Renato
- Esse grupo já era formado e já tinha uma linguagem comum e eu, para puxar a expressividade que precisava para "Joana", tive algumas dificuldades. Mas tudo se resolveu a partir do momento em que começamos a falar a mesma língua.

Como isso foi resolvido?
Eu procurei aprimorar a noção de utilização do corpo e superar, principalmente, certo preconceito que eles tinham contra o melodrama.

O melodrama é essencial para o teatro?
Quando se fala em Brecht no Brasil, as pessoas dizem: "Brecht é um autor didático, que pensa em extirpar a emoção dos seus textos para que a coisa fique ligada ao pensamento, à análise". Mas isso não é verdade. Ele nunca falou em eliminar a emoção. As peças dele e as estruturas das peças são, realmente, narrativas e didáticas, mas não se pode chegar a elas sem passar pela emoção.

O distanciamento crítico não pode ser tão distante assim...
Só conhecendo a emoção a fundo é que você pode conseguir dela um distanciamento crítico. Senão você não consegue. Senão fica tudo superficial. Isso é o que eu penso a respeito de Brecht.


SANTA JOANA DOS MATADOUROS

QUANDO hoje, às 21h, e amanhã, às 19h
ONDE teatro Denoy de Oliveira (r. Rui Barbosa, 323, tel. 0/xx/11/ 3289-7475)
QUANTO R$ 20
CLASSIFICAÇÃO livre


JOSÉ SIMÃO
O colunista é publicado no caderno Copa 2010


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