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Fundador do Arena reinterpreta Brecht
Aos 84 anos, José Renato busca carga melodramática do dramaturgo na peça "Santa Joana dos Matadouros"
"Estruturas do autor
são narrativas e
didáticas, mas não se
pode chegar a elas sem
passar pela emoção"
RODOLFO LUCENA
EDITOR DE TEC
José Renato é parte da história do teatro no Brasil.
Nascido em 1926, formou-se na Escola de Arte Dramática de São Paulo e foi um dos
fundadores do Teatro de Arena, onde dirigiu "Eles Não
Usam Black-Tie".
Aos 84 anos, ele dirige
"Santa Joana dos Matadouros", de Bertolt Brecht, em
cartaz até amanhã no teatro
Denoy de Oliveira, em São
Paulo. Nesta entrevista, comenta seu trabalho atual.
Folha - Como está sendo a experiência com um grupo jovem e pouco experiente?
José Renato - Esse grupo já
era formado e já tinha uma
linguagem comum e eu, para
puxar a expressividade que
precisava para "Joana", tive
algumas dificuldades. Mas
tudo se resolveu a partir do
momento em que começamos a falar a mesma língua.
Como isso foi resolvido?
Eu procurei aprimorar a
noção de utilização do corpo
e superar, principalmente,
certo preconceito que eles tinham contra o melodrama.
O melodrama é essencial para o teatro?
Quando se fala em Brecht
no Brasil, as pessoas dizem:
"Brecht é um autor didático,
que pensa em extirpar a emoção dos seus textos para que
a coisa fique ligada ao pensamento, à análise". Mas isso
não é verdade. Ele nunca falou em eliminar a emoção. As
peças dele e as estruturas das
peças são, realmente, narrativas e didáticas, mas não se
pode chegar a elas sem passar pela emoção.
O distanciamento crítico não
pode ser tão distante assim...
Só conhecendo a emoção a
fundo é que você pode conseguir dela um distanciamento
crítico. Senão você não consegue. Senão fica tudo superficial. Isso é o que eu penso a
respeito de Brecht.
SANTA JOANA DOS
MATADOUROS
QUANDO hoje, às 21h,
e amanhã, às 19h
ONDE teatro Denoy de Oliveira
(r. Rui Barbosa, 323, tel. 0/xx/11/ 3289-7475)
QUANTO R$ 20
CLASSIFICAÇÃO livre
JOSÉ SIMÃO
O colunista é publicado
no caderno Copa 2010
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