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crítica
"Caligari" engendra insânia na busca por poder desmedido
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
A arma do dr. Caligari é a hipnose. Esta que Freud rejeitara
em favor da livre associação como método terapêutico se torna aqui método de dominação.
O essencial dessa ideia vem
do roteirista Carl Meyer, que tinha ódio especial pelos psiquiatras, em cujas mãos sofrera durante a Primeira Guerra.
Valeu a pena, pois "O Gabinete do Dr. Caligari" (TC
Cult, 22h; 12 anos), filme inaugural do expressionismo alemão, continua uma obra viva,
em que a busca de um poder
desmedido e contra os homens
engendra ela própria a insânia.
É fato que este filme teria sido mais do que é caso dirigido
por Fritz Lang (que criou, pouco depois, o mais demoníaco
dos homens: o dr. Mabuse).
Mas o filme de Robert Wiene
permanece um momento especial, em que, talvez pela primeira vez, se prefigura a futura
loucura alemã, chamada, como
se sabe, de nazismo.
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