São Paulo, segunda-feira, 26 de agosto de 2002

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MÚSICA

Em "Bad Innonsense", produtor aposta em melodias tranquilas, superando as comparações com o Chemical Brothers

Mad Zoo lança CD em clima de lavação de roupa suja

CLAUDIA ASSEF
DA REPORTAGEM LOCAL

Marco Antônio Duarte, 37, ou Mad Zoo para o mundo da música eletrônica, acaba de formalizar seu status de ex-produtor de sons para as pistas.
Com o lançamento de seu primeiro álbum, "Bad Innonsense", Zoo abandona o tecno pesado e o big beat de outros tempos e parte para melodias tranquilas, com vocais sofisticados em português.
Technozoide, nome que usava para lançar suas produções de tecno, ainda aparece na capa do CD. Mas, do passado, que, segundo ele, "tentava copiar Chemical Brothers", só resta o codinome.
Mad Zoo entrou na música pela porta do hip hop. Dançarino de break, em 84 começou a fazer experiências com colagens de fitas cassetes. Para pagar as contas, tinha um emprego de metalúrgico.
Em 86, participou do histórico disco "Hip Hop Cultura de Rua", marco do rap paulistano. No começo dos anos 90, Zoo passou por grupos de rap como Código 13, Doctor MCs e Sampa Crew.
A transição para a eletrônica veio com naturalidade. "Produzia minhas músicas e, como não cantava, acabava fazendo sons instrumentais. Sem perceber, estava fazendo trip hop", diz.
Em 96, Zoo ganhou um concurso da Warner, que dava direito a uma ida a Londres. Lá, ele remixou uma música do Morcheeba, na companhia dos produtores.
"Senti que já tinha feito muita coisa legal, mas aquele som de pista que eu fazia ainda não tinha a minha cara. Era mesmo cópia do Chemical Brothers", lembra. Em 2000 veio a vontade de largar o som de pista de vez. "Mostrei minhas músicas para um jornalista da revista [inglesa] "DJ", e o cara não ficou impressionado. Achou o som parecido com um monte de coisas. Aquilo me deixou mal, resolvi jogar tudo para cima e começar do zero", conta.
Num clima de autolavação de roupa suja, Zoo começou a produzir "Bad Innonsense". Durante os três anos que levou para fazer o disco, passou por uma "experiência espiritual pesada". "Repensei toda a minha vida. Não é um disco para dançar, é para ouvir. Venci muito preconceito até chegar neste CD", resume.
O disco tem pelo menos duas músicas conhecidas dos fãs de dance music. "Quadrante", composta em 93, chegou a tocar em pistas da cidade. No disco, ela aparece bem mais lenta, desconstruída. E "Esfera", que virou sucesso nas mãos de Patife.
Se foi feito com intenções de agradar aos gringos, pouco importa. "Bad Innonsense" soa honesto e agradável com ou sem o selo de "for export".


BAD INNONSENSE - CD do Mad Zoo. Lançamento: Trama. Preço: R$ 21, em média.



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