|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Record "incha" elenco em nova novela
Escrita por Tiago Santiago, "Caminhos do Coração" estréia nesta terça-feira com 63 personagens
MARCELO BARTOLOMEI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
A julgar pelo número de
personagens, 63, "Caminhos do
Coração", que estréia nesta terça na faixa das 22h, chega "inchada" se comparada às demais
novelas da Record. É um recorde na carreira de Tiago Santiago, 44, desde que estreou na
emissora, em 2004, onde tem
duas obras. "A Escrava Isaura"
teve 43 personagens, e "Prova
de Amor", 48.
Na emissora, só "Bicho do
Mato", escrita por Bosco Brasil
e Cristianne Fridman em 2006
e supervisionada por Santiago,
teve mais personagens, 69.
Na Globo, os núcleos são
maiores, mas depende de cada
novelista. "Sete Pecados"
(Walcyr Carrasco), por exemplo, tem 75; "Eterna Magia"
(Elizabeth Jhin), 54; e "Paraíso
Tropical" (Gilberto Braga e Ricardo Linhares), 88.
"Agora já estou mais preparado. Por ser uma trama policial, vários personagens morrem. Mas pelo menos 50 têm que estar na história. É a novela
mais difícil que já escrevi", diz
Santiago, que sabe dos riscos
em inflar núcleos, mas se sente
seguro e mais maduro.
Para o doutor em teledramaturgia da USP Mauro Alencar,
45, o aumento de personagens
é uma tendência brasileira, que
começou na década de 90. "A
novela tem sempre que dialogar com um público heterogêneo, por isso há vários temas a
serem explorados. Como é uma
herança do rádio, começou
com núcleos pequenos", diz. "É
preciso muito talento para lidar
com muitos personagens."
O dramaturgo Cassiano Gabus Mendes (1929-1993) dizia
que uma boa novela deveria ter
24 personagens, no máximo.
João Emanuel Carneiro segue
esse pensamento e prefere núcleos menores: "Cobras & Lagartos" (2006) teve 32; sua primeira, "Da Cor do Pecado" (2004), 24.
Na contramão, Manoel Carlos é considerado craque em
núcleos gigantes. Sua última
novela, "Páginas da Vida", teve
150 personagens, contando
participações especiais. Tantas
histórias podem gerar "buracos", como o dos genros de Tide
(Tarcísio Meira), que sumiram
da trama.
Mas uma grande galeria de
personagens pode servir como
recurso para esticar a novela,
caso necessário. "Tornou-se
uma exigência da indústria",
afirma Alencar.
Santiago aprendeu em "Prova de Amor", quando havia resolvido os desfechos e a emissora pediu um mês a mais no ar.
"Daí eu apelei", diz, referindo-se à reaparição do vilão morto e
de reviravoltas imprevistas.
Segundo o diretor-geral de
"Caminhos do Coração", Alexandre Avancini, 42, para crescer é preciso mais infra-estrutura. Hoje, ele mantém quatro
frentes de gravação por dia.
Nesta, que é a nona novela da
"retomada" da Record, também cresceram as equipes de
produção, direção e roteiristas
e as cotas de patrocínio -8% a
mais, segundo o vice-presidente comercial Walter Zagari.
Texto Anterior: Guitarristas foram amigos até a morte de Harrison, em 2001 Próximo Texto: Trama une injustiça social e superpoderes Índice
|