São Paulo, domingo, 26 de agosto de 2007

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Record "incha" elenco em nova novela

Escrita por Tiago Santiago, "Caminhos do Coração" estréia nesta terça-feira com 63 personagens

MARCELO BARTOLOMEI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

A julgar pelo número de personagens, 63, "Caminhos do Coração", que estréia nesta terça na faixa das 22h, chega "inchada" se comparada às demais novelas da Record. É um recorde na carreira de Tiago Santiago, 44, desde que estreou na emissora, em 2004, onde tem duas obras. "A Escrava Isaura" teve 43 personagens, e "Prova de Amor", 48.
Na emissora, só "Bicho do Mato", escrita por Bosco Brasil e Cristianne Fridman em 2006 e supervisionada por Santiago, teve mais personagens, 69.
Na Globo, os núcleos são maiores, mas depende de cada novelista. "Sete Pecados" (Walcyr Carrasco), por exemplo, tem 75; "Eterna Magia" (Elizabeth Jhin), 54; e "Paraíso Tropical" (Gilberto Braga e Ricardo Linhares), 88.
"Agora já estou mais preparado. Por ser uma trama policial, vários personagens morrem. Mas pelo menos 50 têm que estar na história. É a novela mais difícil que já escrevi", diz Santiago, que sabe dos riscos em inflar núcleos, mas se sente seguro e mais maduro.
Para o doutor em teledramaturgia da USP Mauro Alencar, 45, o aumento de personagens é uma tendência brasileira, que começou na década de 90. "A novela tem sempre que dialogar com um público heterogêneo, por isso há vários temas a serem explorados. Como é uma herança do rádio, começou com núcleos pequenos", diz. "É preciso muito talento para lidar com muitos personagens."
O dramaturgo Cassiano Gabus Mendes (1929-1993) dizia que uma boa novela deveria ter 24 personagens, no máximo. João Emanuel Carneiro segue esse pensamento e prefere núcleos menores: "Cobras & Lagartos" (2006) teve 32; sua primeira, "Da Cor do Pecado" (2004), 24.
Na contramão, Manoel Carlos é considerado craque em núcleos gigantes. Sua última novela, "Páginas da Vida", teve 150 personagens, contando participações especiais. Tantas histórias podem gerar "buracos", como o dos genros de Tide (Tarcísio Meira), que sumiram da trama.
Mas uma grande galeria de personagens pode servir como recurso para esticar a novela, caso necessário. "Tornou-se uma exigência da indústria", afirma Alencar.
Santiago aprendeu em "Prova de Amor", quando havia resolvido os desfechos e a emissora pediu um mês a mais no ar. "Daí eu apelei", diz, referindo-se à reaparição do vilão morto e de reviravoltas imprevistas.
Segundo o diretor-geral de "Caminhos do Coração", Alexandre Avancini, 42, para crescer é preciso mais infra-estrutura. Hoje, ele mantém quatro frentes de gravação por dia. Nesta, que é a nona novela da "retomada" da Record, também cresceram as equipes de produção, direção e roteiristas e as cotas de patrocínio -8% a mais, segundo o vice-presidente comercial Walter Zagari.


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