São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 2008

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Mônica Bergamo

bergamo@folhasp.com.br

GILLES LIPOVETSKY

"É horrível quando a pessoa se torna apenas um consumidor"

Leo Caobelli/Folha Imagem
O filósofo francês Gilles Lipovetsky aproveita sua passagem por São Paulo, na semana passada, para conhecer o novo centro de consumo do luxo na cidade

Na última vez que o filósofo francês Gilles Lipovetsky esteve no Brasil, em 2005, a Daslu havia acabado de abrir sua megaloja na Vila Olímpia. De lá para cá, ele teve poucas notícias sobre o mercado de luxo no país. Na semana passada, de volta a São Paulo para participar do seminário Com:Atitude, o autor de "O Império do Efêmero", "O Luxo Eterno" (ambos da Companhia das Letras) e "Os Tempos Hipermodernos" (Barcarolla) se surpreendeu ao saber que a cidade já contava com um novo centro de compras com grifes como Hermès, Giorgio Armani, Chanel e Rolex.

 
A coluna acompanhou Lipovetsky em uma visita a um desses centros de compra, na marginal Pinheiros. Ele gosta das plantas do lugar. Uma idéia passa pela cabeça do filósofo. "Imagine poder comprar marcas de luxo na Amazônia. A floresta é o próprio luxo do Brasil." Um shopping de luxo no meio da Amazônia? "Não seria magnífico? Hoje, a natureza é um grande luxo. Mais que carro, que todos podem comprar igual em todo o mundo."
 
Ele deixa o jardim interno e começa a caminhar pelas lojas. Entre as marcas nacionais, reconhece a do estilista Carlos Miele. "Gosto muito da loja dele em Paris." Pela primeira vez, abandona o corredor e entra na butique. "Interessante ver como ele construiu a identidade da marca na sensualidade do espaço, cheio de curvas sinuosas. É como se estivéssemos entrando no corpo de uma mulher", afirma. "O luxo, hoje, precisa inventar. As marcas não podem simplesmente fazer produtos. Elas também precisam construir ambientes que criem a experiência da marca. Que integrem arquitetura, arte, design, comércio e natureza."
 
Prestes a lançar um livro sobre a cultura na era da globalização, o filósofo começa a discorrer sobre o assunto. "Cada vez mais, vemos o mundo dos negócios se apropriar da cultura. Mas quanto mais isso acontece, mais a cultura precisa ganhar um outro sentido", diz. "Este tipo de reflexão é necessária para que as pessoas não sejam como Paris Hilton. É horrível quando a pessoa se torna apenas um consumidor."
 
Lipovetsky visita a livraria do shopping. "A idéia de integrar cultura num templo do luxo comercial é muito boa, porque cultura é um grande luxo. Mas me pergunto se vai funcionar como negócio, porque as pessoas que vêm num shopping como esse gostam de marcas." Para ele, no futuro, a cultura deverá ultrapassar as barreiras físicas dos museus e livrarias, em cidades como São Paulo, para se integrar ao ambiente, "como já acontece em Paris". Uma das sugestões do filósofo é aproveitar espaços abertos para expor esculturas. Outra saída é a criação de edifícios que por si só sejam considerados arte, "como o museu Guggenhein de Bilbao, desenhado pelo arquiteto Frank Gehry".
 
Lipovetsky se anima a visitar o cinema, cujo ingresso para a sala com largas poltronas reclináveis de couro, carta de vinhos, cardápio de petiscos e pipoca com azeite trufado custa até R$ 46 -preço que ele considera razoável pelo que promete. Invade uma sessão do filme "Mamma Mia", com Meryl Streep, para testar o serviço. Sai em cinco minutos. "A cadeira é ótima, mas o filme..."

Marca do pênalti

O Palmeiras, a Federação Paulista de Futebol e a Ingresso Fácil não chegaram a um acordo com o Ministério Público e serão processados pelos tumultos ocorridos no final de abril, durante a venda de entradas para o jogo entre a equipe alviverde e a Ponte Preta, pela final do Campeonato Paulista. Os promotores querem que os torcedores sejam indenizados em pelo menos R$ 1,43 milhão, por danos morais e materiais. O presidente do Palmeiras, Affonso della Monica, também é réu na ação.

QUEM BATE?
A presidência do Palmeiras diz desconhecer a ação. Walter Valsimelli, sócio da Ingresso Fácil, diz que "somos apenas prestadores de serviço para o Palmeiras" e que "o problema é deles com a promotoria". O presidente da federação, Marco Polo del Nero, diz que a entidade ainda não foi notificada.

RETRANCA
A TV Globo desistiu de fazer um especial de fim de ano de Roberto Carlos em um favela do Rio. A equipe do cantor foi comunicada de que haveria dificuldade não apenas com o assédio da multidão a ele, mas também com a entrada de policiais fardados para organizar o show. É que a PM só entra nos morros em situações de confronto.

SÁBADO À NOITE
Marcel Telles, da InBev, reuniu cerca de 400 convidados na inauguração de sua cobertura na Vila Nova Conceição, no último sábado. Comemorou também o aniversário de sua mulher, Bianka, com show de Lulu Santos. Foram precisos cinco geradores de energia: três para a apresentação, das 23h à 1h, e dois para a festa que continuou pela madrugada.

SEMENTES
O hospital A.C. Camargo procura três pontos na Grande São Paulo para construir centros de atendimento a pessoas com câncer. Os postos vão oferecer serviços como quimioterapia fora do hospital, por exemplo. A instituição comprou oito terrenos nos arredores do prédio da Liberdade. Vai demolir locais como lava-rápido e lanchonete para construir, no ano que vem, uma torre com cem leitos.

PLANO BLOCH
Com o incêndio do teatro Cultura Artística, a peça "Brincando em Cima Daquilo", da atriz Débora Bloch, que estrearia no local, vai para o teatro Frei Caneca. Por falta de data nos palcos da cidade, o espetáculo será apresentado em horário alternativo: às segundas, terças e quartas. Estréia no dia 6 de outubro.

VRUUUUUUM
Mônica Veloso, que completou 40 anos ontem, já gastou o cachê que recebeu para posar nua para a "Playboy". Comprou apartamento em Belo Horizonte. E também renovou seu contrato por mais um ano com o SBT de Minas. A mãe da filha de Renan Calheiros continuará apresentando seu programa de automobilismo, "Vrum".

PALHAÇOS E POLÍTICOS
O grupo de teatro Parlapatões criou um selo editorial. O primeiro livro, uma coletânea de comédia com artigos de Jandira Martini, Juca de Oliveira e Mário Bortolotto, será lançado no dia 11 de setembro, aniversário de dois anos do Espaço Parlapatões. Se engrenar como editora, a segunda obra será do autor Hugo Possolo, com textos sobre palhaços e política.

CURTO-CIRCUITO
O TOM JAZZ apresenta nos dias 5 e 6 shows da cantora Marina Lima com o Trio em Concerto. Para maiores de 15 anos.
COMEÇA HOJE a série de debates com candidatos à Prefeitura de SP promovida pelo Conselho de Estudos Políticos do Comércio. A abertura é com Marta Suplicy (PT), às 10h.
WILMA E KARINA TAVARES comemoram os 19 anos da marca Marlene Enxovais, na loja da rua Oscar Freire, com coquetel para clientes e convidados na quinta-feira, a partir das 10h.
A MULTIMARCAS SUB faz hoje coquetel de lançamento da coleção verão 2009, às 16h, no shopping Cidade Jardim.
ACONTECE HOJE oficina de culinária italiana do chef Boris Melon para 60 empresários do Experience Club, no Espaço Único.
CRISTIANE MARADEI inaugura a loja Central de Designers hoje, às 19h, no segundo piso do shopping Jardim Sul.



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