São Paulo, quarta, 26 de agosto de 1998

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TELEVISÂO CRÍTICA

Nova novela das 19h é remake de 'A Indomada'

Alexandre Campbell/Folha Imagem
Murilo Benício e Alessandra Negrini, protagonistas de 'Meu Bem Querer'


FRANCISCO MARTINS DA COSTA
Editor do TV Folha

A idéia de fazer uma novela das sete com cara de novela das oito foi levada ao pé da letra pela Rede Globo na sua nova trama das 19h. Um telespectador mais distraído que tenha assistido anteontem à noite à estréia de "Meu Bem Querer" deve ter pensado estar vendo a volta de "A Indomada".
Todos os elementos da novela que fez sucesso na faixa das 20h em 97 estão lá de novo: o casal jovem que vive um amor proibido, o Ary Fontoura interpretando o papel de Ary Fontoura, o prefeito folclórico, as beatas, a gostosona com nome americano, o sotaque nordestino, a praia deserta etc.
Espera-se para os próximos capítulos a volta do Cadeirudo ou o acontecimento de algum fenômeno sobrenatural, só para completar o "remake".
A novela também teria um "momento-catástrofe", como a explosão do shopping center em "Torre de Babel" -um maremoto deve devastar a cidadezinha fictícia onde se desenvolve a trama no décimo capítulo.
Mas parece que a tática das novelas mais recentes da Globo tem sido essa mesmo. A emissora só aposta no que já deu certo. Quem quiser inovar, com lésbicas e quetais, tem as asinhas podadas em nome da "preferência da audiência", aferida por meio de pesquisas de opinião.
E, ao optar pela repetição, a emissora mostra ao menos que aperfeiçoou a fórmula. O primeiro capítulo de "Meu Bem Querer" exibiu imagens irretocáveis e mostrou a evolução do trabalho de alguns jovens atores.
Marília Pêra não disse uma palavra nem mostrou sua cara, mas já deu sinais de que vai arrasar. Só seus pés e mãos apareceram num dos melhores momentos do capítulo de anteontem.
Mas o mais curioso na nova novela é que a guerra pela audiência do horário nobre, atualmente polarizada entre as redes Globo e Record, reflete-se num dos conflitos de "Meu Bem Querer".
Enquanto o padre de Cláudio Corrêa e Castro representa a conservadora Globo e a Igreja Católica, o pastor evangélico de Mauro Mendonça remete à Record do bispo Edir Macedo.
Resta saber como será administrada pela direção da emissora essa disputa, que, no primeiro capítulo, já mostrou a missa na igreja com poucos fiéis, enquanto o templo do pastor aparecia cheio de gente cantando e dançando no ritmo gospel-axé das preces.
A audiência do capítulo de estréia foi boa. Registrou uma média de 39 pontos (cada ponto equivale a cerca de 80 mil telespectadores na Grande São Paulo).

Tarde mole
O "Clodovil Soft", como o nome diz, estreou chocho anteontem à tarde na Bandeirantes. O apresentador entrevistou um diretor de criação que explicou por que escolheu um veado para simbolizar o programa.
Não precisava dizer nada -o próprio Clô já havia deixado tudo muito claro quando apresentou um boneco (ou boneca) que vai participar do programa. Disse que ao seu lado terá a "bichíssima" Pink Pintosa. Esse é o clima.



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