São Paulo, Quinta-feira, 26 de Agosto de 1999
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CURTA-METRAGEM
Seis filmes curtos do diretor de "Cidadão Kane" serão exibidos e debatidos no Espaço Unibanco
Raridades de Welles valorizam festival

IVAN FINOTTI
da Reportagem Local


A Folha e a Associação Cultural Kinoforum promovem hoje o debate "Os Arquivos de Orson Welles", que faz parte do 10º Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo.
O evento conta com a presença dos norte-americanos Gary Graver e Jillian Kesner, responsáveis pelo The Orson Welles Archives (Os Arquivos de Orson Welles). Graver foi diretor de fotografia em três filmes de Welles, "Verdades e Mentiras" (1975) entre eles. O debate será mediado pelo crítico da Folha Amir Labaki e acontece a partir das 21h na sala 4 do Espaço Unibanco de Cinema, em São Paulo. Antes, às 19h, serão exibidos seis curtas-metragens de Welles.
São eles: "Os Corações da Idade" (1934), primeiro curta do cineasta; "Fonte da Juventude" (1958), seu primeiro telefilme; "I Love Lucy Recebe Orson Welles", episódio da série de Lucille Ball com participação do diretor; "Comerciais para Uísque Japonês", publicidade em que Welles atua; a colagem "Truques Mágicos de Longas-Metragens"; e, finalmente, "Trailer de Cidadão Kane", que utiliza cenas não incluídas no filme de 1941.
A sessão se repete amanhã, às 21h, no Cineclube Vitrine, e sábado, às 20h, no auditório do clube A Hebraica, sempre com entrada gratuita. De Los Angeles (EUA), antes de virem ao Brasil, Gary Graver e Jillian Kesner deram a seguinte entrevista.

Folha - O que será falado no debate desta noite?
Gary Graver -
Vamos contar diversas histórias. Uma delas é da excêntrica obsessão de Welles em acertar algumas filmagens. Nós tínhamos que estar prontos para trabalhar 24 horas por dia. Certa noite, nós jantamos em Paris e ficamos bebendo até as 3h da manhã. Fomos dormir às 4h e, às 5h, o telefone tocou e era Orson dizendo: "Olhe pela janela. A luz está maravilhosa. Desça imediatamente". E fomos lá filmar.

Folha - Qual era sua relação com Welles?
Graver -
Desenvolvemos uma relação muito especial nos 15 anos que trabalhos juntos. Compartilhamos um respeito e uma lealdade que muitos comparam a uma relação de pai e filho.

Folha - Esses comerciais de uísque japonês foram os únicos feitos por Welles?
Graver -
Orson fez alguns comerciais, mas apenas quando precisava de dinheiro para investir em seus projetos. Ele apenas atuava, não estava interessado em criar comerciais.
Essa série que vamos exibir hoje é interessante porque Welles odiava esse uísque e se recusava a bebê-lo. Nos comerciais, o que ele bebe na verdade é chá. Uma vez, puseram acidentalmente o uísque no copo e ele cuspiu tudo em cima dos executivos que estavam no set.

Folha - Qual a importância dos Arquivos de Orson Welles?
Jillian Kesner -
Nossa intenção, quando criamos os arquivos, em 1990, era disponibilizar filmes no mundo todo. Muitos dos nossos títulos nunca foram lançados em certos países, e esses seis curtas que estamos trazendo para o Brasil são muito raros. Mesmo conhecedores da obra de Welles não os conhecem. São preciosidades.


O quê: Os Arquivos de Orson Welles
Quando: hoje, às 21h
Onde: sala 4 do Espaço Unibanco de Cinema (r. Augusta, 1.470, região central, tel. 0/xx/11/288-6780)
Quanto: grátis (ingressos disponíveis uma hora antes; reservas pelo telefone 0/xx/11/224-3473, das 14h às 17h)


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