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VOLTA DE PESO
Fernando Torres reencontra diretor
Divulgação
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Fernando Torres em "A Ostra e o Vento"
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PATRICIA DECIA
da Reportagem Local
"Eu sou um marinheiro com a
vida cheia de peso." Assim, na
primeira pessoa, Fernando Torres
define Daniel, seu personagem em
"A Ostra e o Vento".
O ator está perto de completar os
69 anos e sua marcante barba
branca, diz, não é adequada a uma
grande quantidade de papéis.
Mesmo assim, foi como um velho marujo de barbas brancas, no
filme de Walter Lima Jr. (com
quem já trabalhou em "Inocência"), que ele interrompeu um período de quase quatro anos afastado de teatro, cinema e TV. Segundo ele, a volta foi como "viver um
dia bom". A seguir, trechos da entrevista.
Folha - Como foi convidado para
trabalhar no filme?
Torres - Eu admirava muito o
Walter Lima. Ele apareceu aqui em
casa e me convidou para fazer o
Daniel. Não quis ler o livro, fiquei
apenas com o roteiro. E me dei
bem nisso, porque não houve influência externa. O livro serviu de
pretexto para uma idéia que o
Walter tinha lá dentro, da menina-moça trancada naquela ilha
sob o jugo daquele pai terrível e a
rara comunicação que ela tem com
o resto do mundo. O Daniel consegue chegar até a ela e entendê-la.
Folha - A crítica tem considerado
o filme uma revitalização do cinema brasileiro. O que o sr. acha?
Torres - Nosso cinema foi povoado desde o princípio por grandes cineastas. Humberto Mauro
foi um bom pai, Mário Peixoto demonstrou que nunca faltou cérebro. É preciso que se acompanhem
as cabeças, cineastas existem. "A
Ostra e o Vento" é um respiro dos
melhores que eu já vi. É um poeta
falando. Não que o filme seja poema, o que resultou dentro das
vontades do Walter é um poema.
Folha - Daniel é um personagem
que ganha muita importância. Como o sr. o viu?
Torres - Estava tudo no texto.
Eu não invento. Eu entendi o que
ele tinha que ser: compreensivo.
Com a idade que tem, carregando
um mundo por dentro, com uma
história que tem bastante peso, ele
entende um pouco da vida. Não
tudo, porque a vida a gente só entende quando morre, quando vem
aquela maldita. Ele já sofreu um
arranhão com o desastre no seu
navio. Eu sou um marinheiro com
a vida cheia de peso. Então é fácil
entender a menina que está querendo nascer.
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