São Paulo, terça-feira, 26 de setembro de 2006

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MAM reedita mostra de concretos

"Concreta 56 - A Raiz da Forma" reúne em São Paulo artistas e poetas que participaram de exposição histórica em 1956

Evento reuniu grupos paulista e carioca, que depois enfrentaram divergências e se mantiveram em oposição

MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Concretismo e neoconcretismo mais próximos ou com suas diferenças mais evidenciadas. As duas leituras podem ser feitas a partir de hoje com a abertura da mostra "Concreta 56 - A Raiz da Forma", no MAM-SP (Museu de Arte Moderna de São Paulo).
Com curadoria de Lorenzo Mammì, André Stolarski (design) e João Bandeira (poesia), a mostra atual reedita a histórica "1ª Exposição Nacional de Arte Concreta", realizada em 1956 em São Paulo e no ano seguinte no Rio. Marco das artes visuais brasileiras por cristalizar o construtivismo como eixo estético decisivo naqueles anos, em reação à pintura produzida por Portinari e Di Cavalcanti, a mostra reuniu então jovens artistas como Lygia Clark, Hélio Oiticica, Waldemar Cordeiro, Geraldo de Barros, Ivan Serpa, Franz Weissmann e Luís Sacilotto.
Também apresentou, junto de telas, gravuras e esculturas, poemas concretos de autoria dos irmãos Augusto e Haroldo de Campos, Décio Pignatari e Ferreira Gullar, entre outros.
Três anos depois da inauguração da mostra, em 1959, uma cisão entre o grupo de São Paulo, liderado por Cordeiro e com princípios geométricos rigorosos, e o grupo carioca, que pregava maior liberdade, ganhou força e colocou em oposição os dois pólos por vários anos.
"Vendo a mostra 50 anos depois, a tendência é acentuar seus elementos semelhantes e minimizar suas diferenças. Mas ela não foi montada com esse intuito. É um risco não levar em conta como eram diversos os dois grupos", afirma Mammì. "Em meu entender, essas divergências [entre os concretos e os neoconcretos] têm sido magnificadas", disse Augusto de Campos em entrevista à Ilustrada, no dia 16.

Iberê Camargo
Mammì reeditou a mostra como fora montada em 1956, mas fez alguns acréscimos curatoriais: há uma sala dedicada ao design e outra com os desdobramentos dos trabalhos dos artistas nos anos seguintes à exposição, até a "1ª Exposição Neoconcreta", de 1959.
"Foi uma forma de estender a discussão teórica. A sala do design remete à preocupação fundamental daqueles artistas ao inserir suas obras na produção industrial. Já a sala que apresenta os anos seguintes [a 56] serve para observarmos como se firmou a poética deles."
Mammì inseriu obras de Iberê Camargo, que tinha horror ao construtivismo, e uma reprodução do plano piloto de Brasília, de Lucio Costa. "A presença de Iberê é uma provocação. Com seus "Carretéis", ele traz algo serial em sua obra."
Bandeira, curador da área de poesia da mostra, diz que "colocar os poemas lado a lado das telas" -como ocorreu na exposição de 1956- ainda é "muito contemporâneo".


CONCRETA 56 - A RAIZ DA FORMA
Quando:
abertura hoje (convidados), às 19h30; de ter. a dom., das 10h às 18h; até 3/12
Onde: MAM-SP (pq. Ibirapuera, portão 3, tel. 0/xx/11/5549-9688)
Quanto: R$ 5,50; grátis aos domingos


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