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MAM reedita mostra de concretos
"Concreta 56 - A Raiz da Forma" reúne em São Paulo artistas e poetas que participaram de exposição histórica em 1956
Evento reuniu grupos paulista e carioca, que depois enfrentaram divergências e se mantiveram em oposição
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Concretismo e neoconcretismo mais próximos ou com suas
diferenças mais evidenciadas.
As duas leituras podem ser feitas a partir de hoje com a abertura da mostra "Concreta 56 - A
Raiz da Forma", no MAM-SP
(Museu de Arte Moderna de
São Paulo).
Com curadoria de Lorenzo
Mammì, André Stolarski (design) e João Bandeira (poesia),
a mostra atual reedita a histórica "1ª Exposição Nacional de
Arte Concreta", realizada em
1956 em São Paulo e no ano seguinte no Rio. Marco das artes
visuais brasileiras por cristalizar o construtivismo como eixo
estético decisivo naqueles
anos, em reação à pintura produzida por Portinari e Di Cavalcanti, a mostra reuniu então
jovens artistas como Lygia
Clark, Hélio Oiticica, Waldemar Cordeiro, Geraldo de Barros, Ivan Serpa, Franz Weissmann e Luís Sacilotto.
Também apresentou, junto
de telas, gravuras e esculturas,
poemas concretos de autoria
dos irmãos Augusto e Haroldo
de Campos, Décio Pignatari e
Ferreira Gullar, entre outros.
Três anos depois da inauguração da mostra, em 1959, uma
cisão entre o grupo de São Paulo, liderado por Cordeiro e com
princípios geométricos rigorosos, e o grupo carioca, que pregava maior liberdade, ganhou
força e colocou em oposição os
dois pólos por vários anos.
"Vendo a mostra 50 anos depois, a tendência é acentuar
seus elementos semelhantes e
minimizar suas diferenças.
Mas ela não foi montada com
esse intuito. É um risco não levar em conta como eram diversos os dois grupos", afirma
Mammì. "Em meu entender,
essas divergências [entre os
concretos e os neoconcretos]
têm sido magnificadas", disse
Augusto de Campos em entrevista à Ilustrada, no dia 16.
Iberê Camargo
Mammì reeditou a mostra
como fora montada em 1956,
mas fez alguns acréscimos curatoriais: há uma sala dedicada
ao design e outra com os desdobramentos dos trabalhos dos
artistas nos anos seguintes à
exposição, até a "1ª Exposição
Neoconcreta", de 1959.
"Foi uma forma de estender a
discussão teórica. A sala do design remete à preocupação fundamental daqueles artistas ao inserir suas obras na produção
industrial. Já a sala que apresenta os anos seguintes [a 56]
serve para observarmos como
se firmou a poética deles."
Mammì inseriu obras de Iberê Camargo, que tinha horror
ao construtivismo, e uma reprodução do plano piloto de
Brasília, de Lucio Costa. "A presença de Iberê é uma provocação. Com seus "Carretéis", ele
traz algo serial em sua obra."
Bandeira, curador da área de
poesia da mostra, diz que "colocar os poemas lado a lado das
telas" -como ocorreu na exposição de 1956- ainda é "muito
contemporâneo".
CONCRETA 56 - A RAIZ DA FORMA
Quando: abertura hoje (convidados),
às 19h30; de ter. a dom., das 10h às
18h; até 3/12
Onde: MAM-SP (pq. Ibirapuera, portão
3, tel. 0/xx/11/5549-9688)
Quanto: R$ 5,50; grátis aos domingos
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