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Nova fundação lançará inédito de Mario Benedetti
Volume de poemas concluído pelo uruguaio, morto em maio, não tem data de publicação nem editora definidos
Entidade, que foi criada a partir de instruções do autor em testamento, cuidará de sua obra e atuará em defesa dos direitos humanos
DENISE MOTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
"Biografía para Encontrarme" é o primeiro livro de Mario
Benedetti (1920-2009) que será lançado após a morte do autor, ocorrida em maio. O título
também representará uma das
primeiras atividades visíveis da
fundação batizada com o nome
do uruguaio e que foi criada
neste mês, em Montevidéu.
Trata-se de alguns poemas
que Benedetti deixou terminados e corrigidos. "O volume
inédito não tem data de publicação nem editora estabelecidos pois não consta dos contratos vigentes em relação à obra
do autor", explica à Folha Ariel
Silva, secretário do escritor em
seus últimos três anos de vida e
responsável pelo gerenciamento da fundação.
"Ainda que outros títulos de
Benedetti tenham sido publicados pela editora Planeta na
América Latina, neste caso não
sabemos ainda." E, apesar de
haver outros textos do escritor
ainda inéditos, este deve ser o
único a vir à luz por enquanto.
Instituída segundo instruções que o escritor deixou detalhadas em seu testamento, a
Fundação Mario Benedetti começou a funcionar oficialmente no último dia 14, quando ele
completaria 89 anos.
Presidida pela escritora
Sylvia Lago, amiga de Benedetti por mais de quatro décadas, a
fundação ainda tem em seu diretório companheiros do autor
que fizeram parte não só de sua
trajetória literária como de sua
militância política, casos do escritor Eduardo Galeano (de "As
Veias Abertas da América Latina") e do cantor e compositor
Daniel Viglietti.
"Benedetti não queria que a
fundação existisse enquanto
ele fosse vivo porque não desejava manter uma atividade que
levasse seu nome, lhe parecia
uma atitude soberba. Mas deixou estabelecidos os objetivos
da fundação", afirma Silva.
Bolsas para escritores
Além de zelar pela difusão,
preservação, estudo, catalogação e arquivamento da obra do
autor -formada por mais de 80
obras, entre poesias, contos,
ensaios, textos para teatro-, a
entidade terá como funções
realizar workshops e estimular
a criação de jovens escritores
por meio da concessão de bolsas. Também serão instalados
um museu, com objetos que
pertenceram ao escritor, e uma
biblioteca com o acervo literário que Benedetti mantinha em
sua residência.
Outra vertente da instituição, vinculada à atuação política de Benedetti, será prestar
apoio a iniciativas relacionadas
à defesa dos direitos humanos
em todo o mundo e a trabalhos
de investigação que ajudem a
esclarecer casos de desaparecidos durante a ditadura uruguaia (1973-1985). Todas as atividades da fundação, herdeira
universal do patrimônio do escritor, serão financiadas por
doações e pela renda de seus direitos autorais.
Por enquanto, a entidade está funcionando na Casa do Autor, uma das salas da Agadu
(Associação Geral de Autores
do Uruguai), cedida pelo Estado. Apenas quando estiverem
concluídos os processos de legalização da fundação e de sucessão dos bens de Benedetti é
que será possível tornar públicos livros, documentos e outros
materiais do escritor.
Também é necessário esperar a conclusão do inventário
do apartamento em que morava o poeta, afirma o secretário,
para que o imóvel em Montevidéu seja vendido e, com esses
recursos, possa ser adquirida a
sede da fundação.
O endereço definitivo deve
ser uma casa no centro ou na
Ciudad Vieja -centro histórico
de Montevidéu-, duas das
áreas preferidas do escritor na
capital uruguaia.
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