UOL


São Paulo, domingo, 26 de outubro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Personagens representam fases da cidade

DA REDAÇÃO

A seguir, trechos de entrevista com Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira sobre "Um Só Coração".

Folha - Como evitar que uma minissérie que está sendo "vendida" como comemorativa dos 450 anos de SP pareça oportunismo comercial?
Alcides Nogueira -
Realmente não é um oportunismo comercial. Trata-se de uma homenagem a São Paulo. Em momento algum a idéia de "vender" os 450 anos se sobrepôs.

Folha - Como foi o processo de criação da trama?
Nogueira -
A primeira idéia, de focar a minissérie nas figuras de Yolanda Penteado e Ciccillo Matarazzo, foi de Maria Adelaide. Foi a descoberta da "espinha cultural" da trama. A partir daí, nós dois começamos a montar essa saga paulistana, usando a ficção e a realidade.

Folha - A minissérie será fiel à história dos modernistas?
Nogueira -
A idéia é cruzar as histórias de personagens reais e fictícios para termos uma tapeçaria do que foi esse período [1922/54]. Os fatos e pessoas reais são enfocados fielmente. Mas, mesmo assim, em determinados momentos o real também é romanceado, sem perder a verossimilhança.
Montamos núcleos cujas tramas representem fases da história da cidade. Assim, o Coronel Totonho Sousa Borba é a República Velha, em seu esplendor e, depois, em sua decadência; Ernesto é um anarquista; as colônias que vieram para a cidade estão representadas por Avelino e sua família (portugueses), por Samir e sua mãe Sálua (libaneses), pela família Fujihara (japoneses), pelos italianos (ricos, como os Matarazzo e os em ascensão).
O interessante é que a realidade e a ficção acabam se fundindo ou interagindo, e isso cria um movimento narrativo muito peculiar.

Folha - A sra. pretende escrever uma novela? Aquele seu projeto de novela das seis que iria entrar no ar em 2002 ("A Dança da Vida") foi definitivamente enterrado?
Maria Adelaide -
Se me mandarem fazer uma novela, faço. Sobre aquela novela que dançou, foi melhor assim. Por causa disso escrevi "Tarsila", e foi esse trabalho que me levou a sugerir "Um Só Coração". Algumas coisas ruins não são de todo más. Por mim continuaria fazendo apenas minisséries.

Folha - Qual o segredo para uma minissérie com fundo histórico fazer sucesso?
Maria Adelaide -
Não sei se é bem um segredo, mas a história começa como pano de fundo. Em primeiro plano, estão as tramas amorosas. É através da emoção que o público acaba se interessando pela história. E, quando isso acontece, eu aumento a dose de informação.

Folha - Por que "Os Maias" foi um sucesso de crítica, mas um fracasso de público?
Maria Adelaide -
Porque o ritmo era lento e a trama ambientada em uma Portugal muito distante da realidade brasileira para poder interessar ao grande público. E realmente não fizemos concessões: nem eu no texto, nem o Luís Fernando [Carvalho] na direção.


Texto Anterior: O bolo da festa
Próximo Texto: Ex-ministro sugeriu Celulari
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.