São Paulo, domingo, 26 de outubro de 2008

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Crítica/"A Canção dos Pardais"

Majidi filma com fé as provações de Deus

SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

Primeiro cineasta iraniano indicado ao Oscar de filme estrangeiro com "Filhos do Paraíso" (1997), Majid Majidi trabalha "em nome de Deus", como informam os créditos de "A Canção dos Pardais". Em "A Cor do Paraíso" (1999), que Majidi abria com o mesmo letreiro, Deus era mencionado diversas vezes e um movimento de câmera, combinado a um efeito de iluminação, sugeria a Sua presença.
Aqui, a interferência divina é oblíqua. Prêmio de melhor ator no Festival de Berlim deste ano, Reza Najie volta a interpretar um disciplinador pai de família (papel que fez em "Filhos do Paraíso"), devotado também à criação de avestruzes da fazenda onde trabalha.
O desemprego bate à sua porta, no entanto, e ameaça transformá-lo em outra pessoa, terrivelmente pressionada pela dificuldade em ganhar dinheiro. À semelhança dos motoboys paulistanos, ele encontra a alternativa de rodar com sua velha motocicleta, agora um táxi, pelas ruas apinhadas de Teerã.
Como desgraça pouca é bobagem, uma de suas filhas quebra o aparelho de audição, sem o qual não consegue estudar, e o filho sonha obsessivamente com uma criação de peixes. As provações parecem afastar o protagonista do caminho do bem (ou de Deus), mas a fé com que Majidi filma envolve também seus personagens.


A CANÇÃO DOS PARDAIS
Quando: hoje, às 21h, IG Cine; amanhã, às 19h, na Faap
Classificação: não indicado a menores de 14 anos
Avaliação: regular



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