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Crítica/"A Canção dos Pardais"
Majidi filma com fé as provações de Deus
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
Primeiro cineasta iraniano indicado ao Oscar de
filme estrangeiro com
"Filhos do Paraíso" (1997), Majid Majidi trabalha "em nome
de Deus", como informam os
créditos de "A Canção dos Pardais". Em "A Cor do Paraíso"
(1999), que Majidi abria com o
mesmo letreiro, Deus era mencionado diversas vezes e um
movimento de câmera, combinado a um efeito de iluminação,
sugeria a Sua presença.
Aqui, a interferência divina é
oblíqua. Prêmio de melhor ator
no Festival de Berlim deste
ano, Reza Najie volta a interpretar um disciplinador pai de
família (papel que fez em "Filhos do Paraíso"), devotado
também à criação de avestruzes da fazenda onde trabalha.
O desemprego bate à sua porta, no entanto, e ameaça transformá-lo em outra pessoa, terrivelmente pressionada pela
dificuldade em ganhar dinheiro. À semelhança dos motoboys
paulistanos, ele encontra a alternativa de rodar com sua velha motocicleta, agora um táxi,
pelas ruas apinhadas de Teerã.
Como desgraça pouca é bobagem, uma de suas filhas quebra o aparelho de audição, sem
o qual não consegue estudar, e
o filho sonha obsessivamente
com uma criação de peixes. As
provações parecem afastar o
protagonista do caminho do
bem (ou de Deus), mas a fé com
que Majidi filma envolve também seus personagens.
A CANÇÃO DOS PARDAIS
Quando: hoje, às 21h, IG Cine; amanhã,
às 19h, na Faap
Classificação: não indicado a menores
de 14 anos
Avaliação: regular
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