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Autor brinca com mundo absurdo
No livro "A Interessante Ilha Dukontra", Marcelo Cipis cria realidade onde coisas funcionam ao contrário de "A Interessante Ilha Dukontra': verde-água, rosa e ocre dominam os cenários
DIOGO BERCITO
DA REPORTAGEM LOCAL
No mundo distópico do livro
"A Interessante Ilha Dukontra", as coisas são exatamente
do jeito que não são por aqui,
no nosso mundo real.
Lá, as pessoas dormem de pé
e o tempo anda para trás. O
dentro é fora, o fora é dentro e,
nas palavras do autor Marcelo
Cipis, 50, "a sombra da figura é
a figura da sombra".
"Me fascina essa coisa de virar do avesso", diz Cipis à Folha -onde publica ilustrações
mensalmente.
Seu trabalho em "De Passagem" (Companhia das Letras,
2008) foi vencedor da última
edição do Prêmio Jabuti, na categoria ilustração de livro infantil ou juvenil.
Nesse reconhecimento, não
há muito de invertido, como
acontece na ilha. Basta conversar com o autor para que fique
claro a facilidade que ele tem
de mergulhar no universo das
crianças -talvez por ter dois filhos ainda pequenos.
"A criança acha o impossível
engraçado", comenta. Ele também, aliás. "Gosto do absurdo,
e a ilustração permite que você
entre nisso intensamente."
Só assim, diz, para fazer uma
estátua de cabeça para baixo
sem ter de pensar se ela está
pesada ou se irá se equilibrar.
"Imagine fazer isso em um filme!", compara.
Outras questões apareceram
para Cipis, ao longo de sua carreira. Ele enumera algumas.
"Como desenhar sem precisar
ser realista? Um pauzinho pode representar um nariz?"
As respostas são individuais,
mas ele encontrou as suas.
Traço autoral
Após três décadas envolvido
em trabalhos de ilustração, Cipis diz ter agora encontrado um
traço autoral. "Hoje, consigo
transformar uma ideia em desenho", afirma, animado.
Achou, também, uma paleta
de cores com que se identifica.
Verde-água, rosa e ocre são
seus queridinhos -tons que,
aliás, aparecem bastante em "A
Interessante Ilha Dukontra".
Cipis já tem três livros a caminho: "Rói e Rúti", sobre dois
ratinhos, deve sair pela editora
Martins Fontes, enquanto
"Nosso Querido Amigo Kuki" e
"Move Tudo" saem pela Companhia das Letrinhas.
""Move Tudo" escreve tudo
junto?", a reportagem pergunta. "Não. Apesar de que você me
deu uma boa ideia...", responde
o autor, meio rindo, meio sério.
E o nome dele, como escreve? "Marcelo, assim mesmo",
ele esclarece, para evitar erros
de redação. Depois, aproveita
para completar a informação.
"Ah, e ao contrário é Olecram,
está bem? E o seu, como fica?"
A INTERESSANTE ILHA DUKONTRA
Autor: Marcelo Cipis
Editora: Companhia das Letrinhas
Quanto: R$32 (48 págs.)
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