São Paulo, terça-feira, 26 de outubro de 2010

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34ª MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA DE SÃO PAULO

Brasil vai do submundo ao fantástico

Ficção e documentários nacionais selecionados exploram personagens contemporâneos e históricos do país

Programação de hoje tem 18 produções brasileiras; há filmes premiados nos festivais do Rio e de Berlim

ANA PAULA SOUSA
DE SÃO PAULO

Do submundo paulistano da década de 1950 focalizado por "Boca do Lixo" à floresta que derrete o pensamento do filósofo René Descartes, em "Ex Isto", serão vários os brasis a atravessar as sessões da Mostra hoje.
A programação desta terça-feira inclui 18 filmes produzidos ou coproduzidos pelo Brasil.
Um deles, "Rosa Morena", dirigido por Carlos Oliveira, é uma improvável parceria com a Dinamarca, e "Embargo", de António Ferreira, envolve Portugal e Espanha.
Boa parte da safra é, porém, 100% nacional. Dentre as ficções, há dois dos filmes premiados no último Festival do Rio.
"Boca do Lixo", de Flavio Frederico, que traz o ator Daniel de Oliveira na pele de Hiroito de Moraes Joanides, o rei da Boca do Lixo, saiu do evento carioca com os troféus de melhor fotografia e melhor montagem.
"O Senhor do Labirinto", de Geraldo Motta, sobre Artur Bispo do Rosário, ganhou o prêmio do júri popular.
Outro dos selecionados pela Mostra que já percorreu o circuito dos festivais -a começar pelo Festival de Berlim, em fevereiro- é "Bróder", de Jefferson De.
Há também Arnaldo Jabor, que sai da posição de pedra, como jornalista, para vidraça, como cineasta, em "A Suprema Felicidade". O filme faz, na Mostra, seu último teste de audiência antes de estrear para valer no circuito, na próxima sexta-feira.

EXPERIMENTO
Já para o público que enxerga a Mostra como uma janela para aquilo que, tradicionalmente, o circuito de cinema não abriga, a grande pedida do dia é "Ex Isto".
O mineiro Cao Guimarães, nome de ponta da videoarte brasileira, retoma sua linguagem de fronteiras embaçadas ao transpor, para a tela, o livro "Catatau", do poeta Paulo Leminski (1944-1989).
Livro e filme partem da seguinte pergunta: "O que René Descartes teria feito se tivesse chegado ao Brasil com Maurício de Nassau?"
Está aberto o caminho para o experimento sensorial.
Quem também tateia o terreno do experimentalismo é o documentarista Evaldo Mocarzel. "Quebradeiras" aposta exclusivamente nas imagens para retratar a tradição da cultura do coco de babaçu na região do Bico do Papagaio, onde se encontram Maranhão, Tocantins e Pará.
A produção documental dá conta, ainda, do inesgotável universo da música ("O Samba que Mora em Mim", de Geórgia Guerra-Peixe), da política nordestina ("Porta a Porta", de Marcelo Brennand) e da permissiva natureza nacional, exposta por meio do falsário que foi bajulado por famosos e pela imprensa ao se apresentar como herdeiro da Gol ("Histórias Reais de um Mentiroso", de Mariana Caltabiano).


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