|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
34ª MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA DE SÃO PAULO
Brasil vai do submundo ao fantástico
Ficção e documentários nacionais selecionados exploram personagens contemporâneos e históricos do país
Programação de hoje tem 18 produções brasileiras; há filmes premiados nos festivais do Rio e de Berlim
ANA PAULA SOUSA
DE SÃO PAULO
Do submundo paulistano
da década de 1950 focalizado
por "Boca do Lixo" à floresta
que derrete o pensamento do
filósofo René Descartes, em
"Ex Isto", serão vários os brasis a atravessar as sessões da
Mostra hoje.
A programação desta terça-feira inclui 18 filmes produzidos ou coproduzidos pelo Brasil.
Um deles, "Rosa Morena",
dirigido por Carlos Oliveira, é
uma improvável parceria
com a Dinamarca, e "Embargo", de António Ferreira, envolve Portugal e Espanha.
Boa parte da safra é, porém, 100% nacional. Dentre
as ficções, há dois dos filmes
premiados no último Festival
do Rio.
"Boca do Lixo", de Flavio
Frederico, que traz o ator Daniel de Oliveira na pele de Hiroito de Moraes Joanides, o
rei da Boca do Lixo, saiu do
evento carioca com os troféus de melhor fotografia e
melhor montagem.
"O Senhor do Labirinto",
de Geraldo Motta, sobre Artur Bispo do Rosário, ganhou
o prêmio do júri popular.
Outro dos selecionados
pela Mostra que já percorreu
o circuito dos festivais -a começar pelo Festival de Berlim, em fevereiro- é "Bróder", de Jefferson De.
Há também Arnaldo Jabor,
que sai da posição de pedra,
como jornalista, para vidraça, como cineasta, em "A Suprema Felicidade". O filme
faz, na Mostra, seu último
teste de audiência antes de
estrear para valer no circuito,
na próxima sexta-feira.
EXPERIMENTO
Já para o público que enxerga a Mostra como uma janela para aquilo que, tradicionalmente, o circuito de cinema não abriga, a grande
pedida do dia é "Ex Isto".
O mineiro Cao Guimarães,
nome de ponta da videoarte
brasileira, retoma sua linguagem de fronteiras embaçadas ao transpor, para a tela, o livro "Catatau", do poeta
Paulo Leminski (1944-1989).
Livro e filme partem da seguinte pergunta: "O que René Descartes teria feito se tivesse chegado ao Brasil com
Maurício de Nassau?"
Está aberto o caminho para o experimento sensorial.
Quem também tateia o terreno do experimentalismo é
o documentarista Evaldo Mocarzel. "Quebradeiras" aposta exclusivamente nas imagens para retratar a tradição
da cultura do coco de babaçu
na região do Bico do Papagaio, onde se encontram Maranhão, Tocantins e Pará.
A produção documental
dá conta, ainda, do inesgotável universo da música ("O
Samba que Mora em Mim",
de Geórgia Guerra-Peixe), da
política nordestina ("Porta a
Porta", de Marcelo Brennand) e da permissiva natureza nacional, exposta por
meio do falsário que foi bajulado por famosos e pela imprensa ao se apresentar como herdeiro da Gol ("Histórias Reais de um Mentiroso", de Mariana Caltabiano).
Texto Anterior: Folha.com Próximo Texto: Crítica ficção: Sem ação nem clímax, filme nipo-americano traz desconforto Índice | Comunicar Erros
|